Redes sociais e suportes móveis são o futuro da internet, diz inventor da web

Quarta-feira, 22/04/2009 às 18h08m, O Globo/Tecnologia - MADRID, Espanha


As páginas web nasceram há 20 anos e, ainda que seu crescimento tenha sido muito rápido, seu futuro é ainda mais "amplo e promissor", sobretudo por causa das redes sociais e suportes móveis, afirmou nesta quarta-feira o criador da World Wide Web, Tim Berners-Lee, na inauguração do Congresso Internacional www2009, em Madrid.

No auditório repleto de engenheiros e especialistas em telecomunicações, o pai da World Wide Web expôs seus prognósticos sobre a web em dois âmbitos: suas aplicações em telefonia móvel e o desenvolvimento das redes sociais.

Numa sociedade que atravessa uma crise global, Berners-Lee acredita que a web 3.0 - sucessora da atual web 2.0, mãe das redes sociais - cresça em direção a uma intercomunicação mundial sem precedentes, com as barreiras linguísticas sendo derrubadas.

Esta ruptura fará com que a sociedade da comunicação se amplie com páginas com um desenho mais simples, mais protocolos de segurança e maior velocidade de acesso e download de todo tipo de documentos.

As páginas web, que em sua origem foram uma forma de troca de textos entre comunidades acadêmicas, se transformaram em um espaço no qual os internautas de todo o mundo publicam e baixam informação em todas as línguas e se comunicam graças a ferramentas de "chat" e correio-eletrônico.

Tim Berners-Lee estima que com um desenvolvimento da internet cada vez mais incontrolável é difícil analisar seu futuro, opinião compartilhada por Vinton Cerf, vice-presidente da Google e pai da internet.

Em sua apresentação conjunta na abertura da www2009, Berners-Lee e Cerf disseram que para eles a web é uma "oportunidade de desenvolvimento" do marco social, econômico e político de qualquer nação. A palavra democracia apareceu durante o congresso tanto quanto as mais novas aplicações da web.

Quanto aos avanços técnicos que estão por vir, Berners-Lee disse imaginar que no futuro as pessoas vão se conectar através do telefone móvel, que sai "muito barato nos países em desenvolvimento" e que pode funcionar como "um grande servidor" de informação e comunicação.

Por isso o desenvolvimento dos sites em espanhol - terceiro idioma mais popular na internet e segundo nas redes sociais -, segundo Berners-Lee, será tão grande como o "crescimento da rede em outros idiomas".

Diante da expansão da internet, que Cerf descreveu como um "mundo maravilhoso para a informação", os dois pioneiros apontaram a necessidade de se salvaguardar a segurança e a privacidade.

O vice-presidente do Google aposta na implementação de medidas como o controle governamental para "proteger o acesso" aos conteúdos, "a prevenção a nível tecnológico", penalizar quem cometer crimes na rede, persuadir as pessoas a fazer as coisas da forma correta e "proteger a propriedade intelectual".

Com a chegada de uma era com "mais internet, maior velocidade e mais internautas" a informação chegará em tempo real a um número maior de pessoas que a receberão em suportes como os telefones celulares ou outros que, hoje, parecem ficção científica, como lentes de óculos, arrisca Berners-Lee.

Os dois pesquisadores receberam títulos de doutor Honoris Causa na Universidade Politécnica de Madrid, coorganizadora do encontro mundial, que pela primeira vez se celebra na capital espanhola e se prolongará até esta quinta.

Para Berners-Lee a chave está em se "construir uma plataforma (ou rede) para as gerações futuras" sem poder se "presumir para que ela será usada", uma vez que a web avança para ser "cada vez mais aberta e comunitária".
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