ÁGUA-ARDENTE

Reza a lenda...

MOMENTO CULTURAL
Antigamente, no Brasil, para se ter melado, os escravos colocavam o caldo da cana-de-açúcar em um tacho e levavam ao fogo.

Não podiam parar de mexer até que uma consistência cremosa surgisse. Porém um dia, cansados de tanto mexer e com serviços ainda por terminar, os escravos simplesmente pararam e o melado desandou. O que fazer agora?

A saída que encontraram foi guardar o melado longe das vistas do feitor. No dia seguinte, encontraram o melado azedo fermentado. Não pensaram duas vezes e misturaram o tal melado azedo com o novo e levaram os dois ao fogo. Resultado: o 'azedo' do melado antigo era álcool, que aos poucos foi evaporando e formou no teto do engenho umas goteiras que pingavam constantemente. Era a cachaça, já formada, que pingava. Daí o nome 'PINGA'...

Quando a pinga batia nas costas dos escravos, marcadas com as chibatadas dos feitores, ardia muito, por isso deram o nome de 'ÁGUA-ARDENTE'. Caindo em seus rostos e escorrendo até a boca, os escravos perceberam que, com a tal goteira, ficavam alegres e com vontade de dançar. E sempre que queriam ficar alegres repetiam o processo.

(História contada no Museu do Homem do Nordeste - Recife/PE).

Não basta beber, tem que conhecer!

Esquinas Cariocas

Diante dos últimos tristes acontecimentos, em uma esquina carioca qualquer, ouve-se o seguinte diálogo:

- Tem fogo?
- No carro.
- Cheira?
- Só queimo.
- Viado?
- Tá cheio.
- Trafica?
- Avião.
- Do morro?
- Faustão.

[bomba]

Vai Maria

Espia Maria
risca o mal com sua grafia
despe o mundo de agonia
e toma essa vida vadia.

Inspira Maria
enche o peito de alegria
põe na mesa a poesia
com seu sorriso de bom dia.

Desafia Maria
lança tua alma à fantasia
encontre sempre uma solução
ainda que tardia.

Faço minhas as palavras da Ruth

Meu nome foi incluído no manifesto de intelectuais em seu apoio. Eu não a apóio. Incluir meu nome naquele manifesto é um desaforo! Mesmo que a apoiasse, não fui consultada. Seria um desaforo da mesma forma. Os mais distraídos dirão que, na correria de uma campanha… “acontece“. Acontece mas não pode acontecer. Na verdade esse tipo de descuido revela duas coisas: falta de educação e a porção autoritária cada vez mais visível no PT. Um grupo dominante dentro do partido que quer vencer a qualquer custo e por qualquer meio.

Acho que todos sabem do que estou falando.

O PT surgiu com o bom sonho de dar voz aos trabalhadores mas embriagou-se com os vapores do poder. O partido dos princípios tornou-se o partido do pragmatismo total. Essa transformação teve um “abrakadabra” na miserável história do mensalão. Na época o máximo que saiu dos lábios desmoralizados de suas lideranças foi um débil “os outros também fazem…”. De lá pra cá foi um Deus nos acuda!

Pena. O PT ainda não entendeu o seu papel na redemocratização brasileira. Desde a retomada da democracia no meio da década de 80 o Brasil vem melhorando; mesmo governos contestados como os de Sarney e Collor (estes, sim, apóiam a sua candidatura) trouxeram contribuições para a reconstrução nacional após o desastre da ditadura.

Com o Plano Cruzado, Sarney tentou desatar o nó de uma inflação que parecia não ter fim. Não deu certo mas os erros do Plano Cruzado ensinaram os planos posteriores cujos erros ensinaram os formuladores do Plano Real.

É incrível mas até Collor ajudou. A abertura da economia brasileira, mesmo que atabalhoada, colocou na sala de visitas uma questão geralmente (mal) tratada na cozinha.

O enigmático Itamar, vice de Collor, escreveu seu nome na história econômica ao presidir o início do Plano Real. Foi sucedido por FHC, o presidente que preparou o país para a vida democrática. FHC errou aqui e ali. Mas acertou de monte. Implantou o Real, desmontou os escombros dos bancos estaduais falidos, criou formas de controle social como a lei de responsabilidade fiscal, socializou a oferta de escola para as crianças. Queira o presidente Lula ou não, foi com FHC que o mundo começou a perceber uma transformação no Brasil.

E veio Lula. Seu maior acerto contrariou a descrença da academia aos planos populistas. Lula transformou os planos distributivistas do governo FHC no retumbante Bolsa Família. Os resultados foram evidentes. Apesar de seu populismo descarado, o fato é que uma camada enorme da população foi trazida a um patamar mínimo de vida.

Não me cabem considerações próprias a estudiosos em geral, jornalistas, economistas ou cientistas políticos. Meu discurso é outro: é a democracia que permite a transformação do país. A dinâmica democrática favorece a mudança das prioridades. Todos os indicadores sociais melhoraram com a democracia. Não foi o Lula quem fez. Votando, denunciando e cobrando foi a sociedade brasileira, usando as ferramentas da democracia, quem está empurrando o país para a frente. O PT tem a ver com isso. O PSDB também tem assim como todos os cidadãos brasileiros. Mas não foi o PT quem fez, nem Lula, muito menos a Dilma. Foi a democracia. Foram os presidentes desta fase da vida brasileira. Cada um com seus méritos e deméritos. Hoje eu penso como deva ser tratada a nossa democracia. Pensei em três pontos principais.

1) desprezo ao culto à personalidade;

2) promoção da rotação do poder; nossos partidos tendem ao fisiologismo. O PT então…

3) escolher quem entenda ser a educação a maior prioridade nacional.

Por falar em educação. Por favor, risque meu nome de seu caderno. Meu voto não vai para Dilma.

SP, 25/10/2010

Ruth Rocha, escritora

Reflexões

Brrrrr. Ufa, depois de um longo e tenebroso inverno virtual, espanto a webteia e eis que surge um novo post no meu quase falecido blog. O que 140 caracteres não fazem... Vamos aos fatos:

1. O Peixe foi campeão. Com folgas. Dos demais grandes de SP. Porque na final, em minha opinião, o Santo André foi superior no confronto e, salvo o gol mal anulado pela bandeirinha-que-não-usa-óculos-escuros, a zebra passearia livremente pelo Pacaembu. É o melhor time em atividade no futebol brasileiro neste primeiro semestre, com certeza. Mereceu o título pela campanha, e seria muita injustiça revivermos aqueles velhos clichês mal assombrados de 82, de “que o futebol-arte é muito bonito, mas não ganha títulos”.

2. E o Ronaldo, hein? Patético. Nem de longe lembra o implacável atacante, maior artilheiro de Copas do Mundo. Quarta-feira foi triste. Eu estava lá no dilúvio do Maraca e tive até pena! Juro. O cara encalhou. Literalmente.

3. Sério agora. Noves fora teorias da conspiração, a troco de quê essa perseguição implacável da imprensa (principalmente a carioca) em cima do Adriano? Cara, ele é desequilibrado e precisa de ajuda? Lógico que sim. O cara rende notícia? Rende. A imprensa tem que cobrir os fatos? Tem. Mas daí a ficarem enchendo o saco pela não convocação do cara já é demais! Porra, os caras se esquecem de tudo que ele já fez na carreira? Adriano tem histórico na seleção, tem gols, títulos. Foi campeão brasileiro com o Flamengo, sendo artilheiro do maior campeonato do mundo. Se esqueceram de tudo que ele fez em 2005? Copa América , Copa das Confederações...

4. Sabidamente, o voto contrário da Patrícia Amorim no Fábio Koff gerou retaliações claras ao Flamengo por parte da CBF/Globo. Agora, perseguirem os atletas acho um pouco demais, né não? Vem cá: por que a imprensa não questiona o Dunga pela convocação de energúmenos como Josué e Gilberto Silva, tanto quanto ela questiona a convocação do Adriano?

5. Neymar? Ganso? Leva os dois, porra! E o Adriano também! Uma coisa não exclui a outra. É perfeitamente possível levar os três e barrar cabeças-de-bagre nessa seleção. Aliás, o meio campo tá cheio delas! Por que não levar o Marcelo (Real Madri) como único lateral esquerdo? Já que o Daniel Alves é polivalente e o Maicon é titular absoluto na direta, abre-se mais uma vaga no ataque. Leva o Neymar e leva o Adriano também, não dá pra abrir mão de um tanque como o Adriano na Copa, a experiência dele comprova isso.

Voltei. Ou não. Ou pelo menos até a próxima opinião superar os viciantes 140 caracteres...
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