Era o mês de março de 2001, a data precisa não me recordo agora, mas os dias seguintes, jamais serão apagados da minha memória...
Campeonato estadual do Rio de Janeiro, partida decisiva da final entre o meu Mengão e os arqui-rivais vascaínos... Tinha tudo para ser mais uma decisão eletrizante. Nós, rubro-negros, queríamos e esperávamos muito a vitória, mas o 2x1 vascaíno no primeiro jogo, nos dava a impressão de que, desta vez, não seria possível colocarmos mais uma estrela de um tricampeonato no nosso manto sagrado. O Vasco jogava por dois resultados iguais e, com isso, precisávamos fazer 2 gols de diferença pra garantirmos a taça...
Corre o segundo tempo, nervos a flor da pele, os vascaínos vibram com a diminuição no placar: 2x1 para nós e resultado insuficiente. Corre o tempo, mas não com tanta pressa né! Maracanã lotado, reservas todas empenhadas em faixas e cerveja, festa pronta, mas nada do grito salvador se desprender da garganta. 43 minutos, falta muito pouco, a esperança é sempre a última que morre, mas devido à dureza da disputa, era a primeira a ser assassinada em meu peito. Falta "cavada" sobre o atacante Roma, na intermediária do nosso gol, "de frente pro crime", Petkovic. O gringo estava afiadíssimo nas cobranças de falta naquele Estadual...
Tudo ou nada, expectativa transbordando o anel da arquibancada rubro-negra. Mal dava pra respirar de tão cheio onde eu estava. Respirei fundo, fechei os olhos, virei de costas; não quis ver, a emoção era muito forte! Pet ajeita, barreira colocada, juiz apita... Pet corre, a bola passa e não resisto, me viro... Gente, que cobrança foi aquela, nunca vi tamanha perfeição e sofrida meticulosidade geométrica em ver aquela bola entrar na minha frente, em tão pequeno espaço! Foi o espaço certo, justo, para a explosão completa do tri ecoar pelo Maraca! Que gol sofrido, que título suado, que jogo inesquecível...
João Paulo Anzanello (texto produzido para o Lancenet – Diário Lance!, ao link Leitores Interativos)