Oblíqua Paixão

Me guarda
Venha até mim
Leve comigo um pouco de nós

Te cuida
Tenho por ti
Deixo contigo muito de nós

O ardor, a paixão
Se for, lhe entrego
Caia em si!
Seja consigo tudo de nós

Então, não nos afastemos...
Carreguemos conosco
estreita relação
Construiremos assim, oblíqua paixão


JP Anzanello.

OPINIÃO PÚBLICA


Opinião pública é uma expressão frequentemente utilizada tanto pelos homens políticos como pelos jornalistas, mas a sua realidade é problemática, e os seus contornos imprecisos e fluidos. Distingue-se tanto das opiniões individuais ou grupais como da vontade popular.
A opinião pública distingue-se claramente das opiniões dos indivíduos e dos grupos pelo fato de o seu emprego possuir uma vida própria, independente daquilo que pensa e quer cada um dos cidadãos, de se lhes impor e de não implicar a mesma adesão nem igual força mobilizadora. Ao contrário das opiniões individuais, que podem levar os indivíduos a tomar partido e a deixarem-se envolver afetivamente, a opinião pública não implica qualquer espécie de adesão nem impõe qualquer espécie de envolvimento pessoal. Distingue-se da vontade popular pelo fato de a sua fonte não residir no entendimento constante e duradouro do povo em torno de objetivos comuns, nem se mani­festar com o mesmo grau de intensidade e permanência. A vontade popular vincula o conjunto dos cidadãos que a tomam como referência. A opinião pública não mobiliza nem se impõe com caráter de obrigatoriedade, é objeto de discussão e pode até sobreviver ao distanciamento de uma parte significativa da população. Por isso, é mais fácil defini-la negativamente, pelo que ela não é, do que positivamente. Apresenta, no entanto, duas características principais: o anonimato e a natureza estatística da sua manifestação.
É o anonimato da opinião pública que faz com que os indivíduos nem sempre se reconheçam nela e que a toma suscetível de ser utilizada como dispositivo de legitimação. É por isso uma espécie de corpo sem rosto. Porque não é propriamente de ninguém, pode impor-se a todos com a força do bom senso e do senso comum.

Prof. Adriano Duarte Rodrigues

O dono do mundo

Quero falar de alguém
não um alguém ninguém
ou um profeta do além

Quero falar dele
sem citar esse ou aquele
Aí sim, vou falar de alguém.

Quero falar de onde veio
Daqui, dali? Não creio.
Não é de Belém, nem diz amém.

Quero falar tanta coisa
mas nem nome sei pôr
Quero falar do dono do mundo,
o mais puro e sincero amor.


JP Anzanello.

Meu jogo inesquecível - Relato de um tricampeonato


Era o mês de março de 2001, a data precisa não me recordo agora, mas os dias seguintes, jamais serão apagados da minha memória...
Campeonato estadual do Rio de Janeiro, partida decisiva da final entre o meu Mengão e os arqui-rivais vascaínos... Tinha tudo para ser mais uma decisão eletrizante. Nós, rubro-negros, queríamos e esperávamos muito a vitória, mas o 2x1 vascaíno no primeiro jogo, nos dava a impressão de que, desta vez, não seria possível colocarmos mais uma estrela de um tricampeonato no nosso manto sagrado. O Vasco jogava por dois resultados iguais e, com isso, precisávamos fazer 2 gols de diferença pra garantirmos a taça...
Corre o segundo tempo, nervos a flor da pele, os vascaínos vibram com a diminuição no placar: 2x1 para nós e resultado insuficiente. Corre o tempo, mas não com tanta pressa né! Maracanã lotado, reservas todas empenhadas em faixas e cerveja, festa pronta, mas nada do grito salvador se desprender da garganta. 43 minutos, falta muito pouco, a esperança é sempre a última que morre, mas devido à dureza da disputa, era a primeira a ser assassinada em meu peito. Falta "cavada" sobre o atacante Roma, na intermediária do nosso gol, "de frente pro crime", Petkovic. O gringo estava afiadíssimo nas cobranças de falta naquele Estadual...
Tudo ou nada, expectativa transbordando o anel da arquibancada rubro-negra. Mal dava pra respirar de tão cheio onde eu estava. Respirei fundo, fechei os olhos, virei de costas; não quis ver, a emoção era muito forte! Pet ajeita, barreira colocada, juiz apita... Pet corre, a bola passa e não resisto, me viro... Gente, que cobrança foi aquela, nunca vi tamanha perfeição e sofrida meticulosidade geométrica em ver aquela bola entrar na minha frente, em tão pequeno espaço! Foi o espaço certo, justo, para a explosão completa do tri ecoar pelo Maraca! Que gol sofrido, que título suado, que jogo inesquecível...

João Paulo Anzanello (texto produzido para o Lancenet – Diário Lance!, ao link Leitores Interativos)
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