ANTES (UM TEXTO) SÓ, DO QUE MAL ACOMPANHADO



Como podemos diferir um bom texto das demais redações do tipo “papagaio-de-pirata” – aquelas que fazem de tudo para aparecer, prendendo a atenção do leitor? Mais do que exercer esse sentimento de “prender o leitor”, um bom texto é aquele que consegue captar toda a essência da mensagem que se pretende transmitir e repassá-la ao papel, com uma boa coesão lexical, correta gramática e ortografia.

Na redação publicitária, por exemplo, dizemos que conseguimos produzir um bom texto, quando não necessitamos de explicação alguma para que a mensagem consiga ser transmitida ao receptor-consumidor. Do mesmo modo, ao escrevermos um bom texto jornalístico, ou alguma matéria, temos por objetivo transformar a história contada, em fatos bem descritos e apurados, que possam levar à correta compreensão dos personagens e acontecimentos. Ainda nessa linha, ao escrevermos uma suave poesia, ou uma agradável prosa, temos que ter em mente que buscamos não apenas prender a atenção do leitor-consumidor, como também temos que saber levá-los ao universo que queremos retratar e conseguirmos expressar, com nossos versos e rimas, toda a emoção e sentimento que empreendemos no momento em que aquele texto foi produzido.

Mais do que incluirmos figuras de linguagem, personagens ou reticências, temos que aguçar a mente criativa de quem queremos atingir com nossos textos. Não basta ler, é precisar processar a informação e absorvê-la para os próprios padrões de conhecimento de cada um. Se você souber apenas “atingir” aos mais intelectuais, passe a escrever de uma maneira mais acessível. Do mesmo modo, se o seu texto só consegue falar a não menos exigente – porém mais simples – língua do povão, exercite seu lado reflexivo, a língua portuguesa e a sua redação só tem a ganhar com isso.

Mas afinal, do que se trata esse texto – ainda mais com um título desses? Aonde quero chegar? Quero chegar em você, oras, quero transmitir minha mensagem, para que na próxima vez em que você for produzir um texto, mais do que estar preocupado em manter a atenção do seu leitor, seja “enchendo linguiça”, seja retocando a mensagem com floreios e rebuscamentos, você esteja centrado no seu tema e no objetivo maior do seu texto: o leitor.
JPAnzanello.

MÃO-DE-OBRA QUALIFICADA, DESEMPREGO QUALIFICADO


Nunca o aguardado dia da formatura foi tão temido pelos universitários brasileiros. Aquela certeza de que uma boa formação e uma graduação competente e teoricamente equilibrada era garantia de um futuro profissional promissor e de uma carreira de sucesso, está cada vez mais se tornando uma lenda urbana de mercado, um paradigma educacional no atual cenário do dos postos de trabalho do nosso país.
A mão-de-obra qualificada que anualmente as universidades “despejam” no mercado é cada dia crescente. Por outro lado, a oferta por novos empregos é cada vez menor e o acúmulo de função dos profissionais já estabelecidos é uma prática cada vez mais utilizada. Com isso, novas vagas não são geradas e os alunos, recém-saídos da faculdade e ávidos por um futuro promissor, se deparam com a grande frustração de hoje: “neste momento, infelizmente seu perfil não se encaixa na nossa companhia, mas agradecemos sua participação e manteremos seu currículo em nosso banco de dados para futuras oportunidades”.
Mensagens como esta são recebidas a todo instante nas caixas de mensagens dos jovens candidatos; o tempo passa, a apreensão e o medo de engrossar a lista do desemprego aumenta e as chances de uma colocação no mercado de trabalho vão ficando cada vez mais escassas. Não basta aumentar o número de cursos de formação, se não há escoamento suficiente para essa produção. A máxima do “desemprego que gera desemprego” é conjugada essencialmente por fatores que vão desde a falta de emprego suficiente para alocar essa mão-de-obra, passando pela desmotivação pessoal, falta de acompanhamento e capacitação psicológica, até chegar à fatídica falta de experiência profissional, cada vez mais requisitada pelas empresas e contratantes – que não reflete a falta de oportunidade que o recém-formado tem para “mostrar serviço”.
Chegamos, assim, a uma outra máxima clássica do problema: como ter experiência suficiente para atender à solicitação da vaga, se ao profissional não lhe é dada a oportunidade de trabalhar e adquirir essa experiência? Acredito que a solução, a curto prazo, seja capacitar com maior intensidade (ainda que no processo de formação do universitário), com estágios coordenados, laboratórios e orientações vocacionais, a experiência prática do aluno e buscar soluções que permitam compreender melhor o mercado e de que forma ele poderá ser melhor aproveitado, direcionando suas experiências para onde o nicho de trabalho possa ser melhor absorvido.
JPAnzanello.

ONDE ESTÁ O VELHO GUGA?



Depois de quase um ano, desde a anunciada volta às quadras, Gustavo Kuerten, o Guga, não consegue mais se estabilizar e manter o nível concentrado e vencedor do seu jogo, sempre caracterizado por golpes potentes e muito bem angulados. Com várias eliminações em primeira rodada, fica difícil manter a intensidade e o volume de jogo – importantíssimos para voltar a adquirir confiança e consistência no seu jogo. Pode parecer uma visão um pouco pessimista, mas de acordo com as próprias palavras do Guga, sem essas condições, e com o preparo físico ainda instável e preocupante, acredito que ele não terá condições de ser um jogador top novamente.
Digo isso, pois em toda sua vitoriosa trajetória, o Guga sempre se caracterizou por ser um dos jogadores que mais treinavam dentre todos do circuito da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais). Ou seja, se com toda a qualidade técnica que ele sempre apresentou – desde que despontou para o mundo conquistando seu primeiro título em Roland Garros, em 1996 – a parte física e os treinamentos intensos sempre andaram lado a lado com as suas conquistas, não será de outra forma que o Guga conseguirá retomar o foco e o nível competitivo de outrora. E a pergunta que fica é essa: será que ele terá força e motivação suficiente para reconduzir seu corpo e mente ao nível de antes?
Se o Guga pensa em se manter ativo, jogando, sem se preocupar com os títulos, vitórias e a adrenalina dos grandes torneios, tudo bem, é um direito que ele tem; sua condição financeira e seu status como ex-número 1 do ranking, permitem tal pensamento. Agora, se ele pretende voltar aos velhos tempos, ou mesmo se pretende “beliscar” algum Grand Slam, ou um torneio Master Series, não será dessa forma, amargando maus resultados um atrás do outro, que ele irá conseguir.
Fica então a indagação pertinente a esse e a outros vários momentos que acometem a carreira dos mais variados esportistas de alto nível na história: será possível a um grande vencedor e recordista manter-se na ativa, apenas praticando a máxima do famoso Barão de Coubertin? Pode ser, mas que dói ver um atleta do nível do Guga jogando atualmente, e sabendo de tudo aquilo que ele já foi capaz de realizar, fica a vontade de ver suas raquetes aposentadas no alto do olimpo dos imortais do tênis mundial.
JPAnzanello.

Quase Mil Pesadelos


Fui ao Maracanã ontem, direto da Uerj, onde prestava exame para concurso. Depois de quase três horas de prova, muito suado e com a “cabeça quente”, corri como um louco para o meu refúgio de paz favorito: o Maior do Mundo.
Um pouco esbaforido pelo tardar da hora (meu relógio marcava 18:05, 5 minutos antes do início previsto do jogo), entrei pelo acesso em frente à Uerj mesmo, pela “vice-torcida” adversária, mas não enfrentei qualquer tipo de problema: o policiamento era ostensivo e eficaz. Pelo menos isso, né!?
Comprei minha meia-entrada na bilheteria 9, sem maiores problemas, liquidei minha terceira latinha de cerveja e parti para mais uma vitória do Mengão sobre o Vice da Gama. Ledo engano.
Começamos bem, dominamos o primeiro tempo, mas saímos com 1x0 contra. Nosso segunto tempo foi sofrível, a expulsão (sem critério) do Léo Moura acabou com a nossa força ofensiva e, a partir daí, foi torcer contra o milésimo do Baixnho contra nós. Ufa, quase que deu pra ele no final do jogo! Imagina, ficarmos marcados pelo gol 1000, justamente numa "hedionda" derrota por 4x0 para a bacalhoada? Nem pensar! Bom, bola pra frente, nossa vaga na final já está garantida. Melhor mesmo é focar a Libertadores e fazermos, mais uma vez, uma linda festa nas finais pra comemorarmos nosso 29º título estadual.
JPAnzanello.

A BELEZA DE UM BOM DESARME


Em tempos mais do que especiais dos quase mil gols do baixinho Romário, resolvi falar do anti-gol, do momento quase nunca valorizado em uma partida de futebol, do lance talvez mais odiado de um jogo, do momento de maior anti-clímax de um fulminante ataque: o desarme.

Mais do que pregar o anti-jogo, a retranca ou o defensivismo, gostaria de alertar, como também amante do bom futebol, que grandes jogadas, gols e títulos, se originaram de memoráveis e astutos desarmes. Nem sempre o desarme é contra o espetáculo. O bom desarme, aquele que eficazmente permite ao jogador adversário frear o ataque e retomar a posse de bola, se bem feito, em uma jogada limpa e leal, pode se tornar uma arma tão letal quanto um cruzamento bem executado, ou um lançamento preciso.

A presença de um jogador deste nível em sua equipe, capaz de roubar a posse de bola do oponente, sem parar o jogo, é de suma importância, tanto para armar taticamente as jogadas de ataque, quanto para mapear o posicionamento dos jogadores de defesa do time adversário. Ao efetuar um desarme, ainda que para isso a criatividade de uma jogada seja eliminada naquele instante, pode propiciar um momento único de clarividência na partida: o contra-ataque. Naquele momento, o time adversário, saindo para buscar o gol, tem grandes chances de ser surpreendido na recomposição da sua defesa, expondo seus pontos frágeis no esquema tático armado.

Um jogador que executa bem os desarmes, mais do que um destruidor, é um elemento-chave para conquistar a posse de bola, permanecendo com esta o maior tempo possível e possibilitrando novas jogadas de ataque. A presença do desarme no jogo, pode não ser um doce momento com o qual a torcida espera vivenciar, porém, se bem realizado, com a classe e elegância de um Falcão, um Carpeggiani, ou de um mestre como Didi, tem tanto charme e emoção, quanto uma bola nas redes... De preferência, um gol de canela, porque se for um gol de placa, a comparação não terá vez! Ops, falta!
João Paulo Anzanello - MARÇO 2007
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