Uma observação atenta do mundo
Artigo - Roberto Guarnieri
Gazeta Mercantil
29/11/2005
O papel de uma agência hoje é levar a propaganda para o cotidiano e vice-versa.
A propaganda assumiu o papel de principal descobridora de novos movimentos culturais e tendências de comportamento e, mesmo, de formadora de novas tendências e movimentos. Isso porque as principais agências e marcas do mundo se tornaram conscientes da importância de se estar antenado em tempo real, diuturnamente, com o que vai nas mentes e nos corações das mais diversas gerações dos mais diversos povos do planeta. A essa disciplina de observar atentamente para onde caminha a humanidade deu-se o nome de consumer insights, algo como intuições, revelações sobre o consumidor.
Nestes dias acelerados, em que a comunicação tornou-se digital e o consumidor é a própria mídia, assumindo seu papel de difusor, o consumer insights passou a ser um fator determinante no sucesso de campanhas de propaganda on-line e off-line em todo o mundo.
As tendências ocorrem na velocidade da internet e ao som de iPods e não podem mais ser ignoradas por nenhuma marca que queira se estabelecer ou mercado que se queira conquistar. E essas tendências, igualmente, não podem ser analisadas só de uma perspectiva regional ou só de uma perspectiva global, mas consideradas como resultado da integração desses dois pontos de vista.
A comunicação pertinente e eficaz de grandes marcas deve ser feita hoje a partir de informações colhidas por uma rede de informantes, de verdadeiros caçadores de tendências e de novidades nos principais centros de cultura e consumo do mundo. O objetivo é criar um verdadeiro banco de dados do futuro que já projeta sua sombra sobre o presente. Esses profissionais vão reunir informações aprofundadas sobre comportamento, cultura, intervenções urbanas, entre outras, para que uma marca possa evoluir e ser também promotora de novos comportamentos e debates.
O papel de uma agência hoje é levar a propaganda para o cotidiano e o cotidiano para a propaganda. Entender e não apenas monitorar os hábitos do consumidor é a base do sucesso das melhores ações que têm sido desenvolvidas. E à propaganda hoje cabe também um papel quem sabe maior, fundamental, de responsabilidade social: o de compromisso com uma "viralização" do bem, da dignidade, da solidariedade em escala também mundial.
Com as novas tecnologias digitais, as campanhas de marketing viral podem alcançar hoje todo o planeta, incentivando a criação de um mundo melhor, de um mundo solidariamente globalizado. Grandes marcas comprometidas com um mundo melhor são aquelas que vão ganhar os corações de todos. O público de todo o mundo parece-me ávido por campanhas e debates que mobilizem questões ecológicas, de consumo consciente, de preservação de todos os seres, sobretudo o ser humano, e de muitas outras questões e debates de que ainda nem desconfiamos. Mas que poderemos descobrir. O consumer insights é uma nova e poderosa ferramenta de entendimento do mundo.
Roberto Guarnieri - Presidente e diretor de criação da A1.Brasil, é um dos "fundadores" da publicidade digital no país e especialista no desenvolvimento de projetos interativos.

Navegar é Preciso

"Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça."
Fernando Pessoa
[Nota de SF: "Navigare necesse; vivere non est necesse" - latim, frase de Pompeu, general romano, 106-48 aC., dita aos marinheiros, amedrontados, que recusavam viajar durante a guerra, cf. Plutarco, in Vida de Pompeu]

Futurama

Por João Paulo Anzanello
Na visão do autor, Matt Groening, o futuro não será uma catástrofe, como muitos apocalípticos chegaram a imaginar. Na verdade, o futuro será uma grande comédia. O criador do sucesso Os Simpsons é também responsável pela criação de Futurama, um desenho animado sobre ficção científica que é sucesso no mundo. Criada em 1999, a série leva o mesmo estilo de Os Simpsons e é, sem dúvida, a mais brilhante retratação do futuro por um desenho animado. Sai de cena o humor que critica a rosada família do american way of life, entra a ficção científica, semelhante à do filme Matrix.
Futurama pinta o futuro do mundo com tintas cheias de ironia. A história gira em torno do herói Fry, um entregador de pizza frustrado com sua vida besta na Nova York dos dias de hoje. Por obra do acaso, ele fica congelado mil anos e passa a conhecer um novo mundo, onde todos têm de cumprir um papel na sociedade, pré-definido por um chip que é instalado no corpo. Fry tenta mostrar que qualquer um pode alterar seu destino. Tudo com muito humor. Entre seus companheiros está Leela, uma alienígena linda, de um só olho, que enfrenta muita gente durona (apesar de seus problemas de percepção em 3 dimensões); Bender, um robô com muitos defeitos humanos: bebe, fuma, pratica pequenos roubos e possui uma fraqueza por pornografia robótica e o Professor Farnsworth, um cientista excêntrico cujas idéias o caracterizam como sendo algo entre gênio e doido varrido.
A sociedade do século XXXI continua a ter os mesmos problemas, como tráfico, computadores, família, amor e etc. Algumas coisas mudaram: o metrô foi substituído por tubos de transporte e a cidade está toda coberta por uma cúpula metálica construída por extraterrestres que invadiram o planeta há centenas de anos atrás. Para solucionar o problema do stress, a população conta com o apoio do governo, que mantém cabines de suicídio em cada esquina (e que custam aos cofres públicos, menos que uma cabine telefônica habitualmente depredada por vândalos). Fry quer aproveitar essa chance para recomeçar sua vida, mas recebe um banho de água fria quando um teste do governo revela que o seu lugar na sociedade é de entregador. Ele trabalha agora para a Planet Express, um serviço de entregas intergaláctico que transporta pacotes para todos os quadrantes do universo. Antes que o chip de carreira seja implantado em sua mão, ele consegue escapar e conhece os personagens que a partir daí lhe acompanharão em suas aventuras.
Futurama satiriza os filmes e séries de ficção científica. A porta do futuro, por exemplo, é automática, mas deixa as pessoas emperradas. Uma sacada muito divertida é o quesito transporte; basta falar aonde se quer ir e o passageiro viaja como numa montanha russa, por dentro de longos tubos. E, lógico, pode tropeçar na chegada. Às vésperas do ano 3000, as pessoas ainda são malandras, egoístas e desengonçadas.
Em uma entrevista dada à revista SCI – FI News, em 1999, Matt Groening fala sobre a sua visão do futuro: “Na medida em que fui crescendo (...), percebi que esse ano 2000 que eu e milhões de pessoas imaginavam não iria chegar. Logo, voltei minhas preocupações para o ano 3000, onde Futurama realmente acontece”. Para o criador do desenho animado, se tentássemos pensar sobre o que é o futuro, perceberíamos se tratar de um paradoxo, pois o futuro é exatamente agora. Ou seja, nada aconteceu após a virada do milênio. As idéias do futuro que lemos em livros e vimos em filmes entre as décadas de 40 e 60 são muito divertidas e simpáticas. As versões dos anos 70 e 80 são assustadoras e sombrias, com um futuro muito apocalíptico. O autor explica que em Futurama, a tentativa também foi a de visualizar o futuro, como em Os Jetsons, mas com muitos canos furado...

Curiosidades:
1. Depois de produzir Os Simpsons, Matt Groening esperou doze anos para produzir Futurama.
2. As animações da série são feitas em um estúdio na Coréia do Sul.
3. Cada episódio de Futurama demora quase seis meses para ficar pronto.
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