Ajude seu amigo que escreve a ser editor
30/06/2005 13:47
Para os que chegam agora: seu amigo que escreve resolveu fazer um blog ou um site de conteúdo, mas não entende nada de tecnologia, só de texto. O que você diria para ele?
James Della Valle
"Acordei com vontade de criar uma página de notícias". A facilidade para colocar sites no ar abre as portas para projetos individualistas.
Todo mundo tem um exemplo próximo. No meu caso, o amigo Tércio Silveira, que teve a idéia de montar seu site, o Churrasco Grego. Na época, ele procurava alguém para montar o sistema de notícias, justamente quando eu começava a me envolver com linguagens de programação para a internet (PHP para ser mais específico).
Em pouco tempo, o site estava no ar. Com colaboradores de diversas áreas, o "CG" abordava temas que iam desde cultura geral até política. Tempos depois, o site passou para o Gardenal.org e perdi o contato com o projeto. Sei que ele continua lá, firme e forte com conteúdo sempre atualizado.
Por quê ele fez isso? Quando um comunicador decide dar um passo como a criação de um site de conteúdo, ele é movido por duas coisas: vontade de exercitar a mente e, em segundo plano, vontade de tornar-se mais conhecido.
O primeiro motivo é o que geralmente dá impulso a um projeto desse tipo. O editor parte do princípio de que o seu trabalho oficial (ou a falta dele) não consegue suprir os níveis de liberdade e criatividade que o seu cérebro pede. A idéia é procurar um projeto paralelo para fugir da mesmice e buscar abrir espaços.
Um exemplo é o blog Garotas que Dizem Ni, que virou coluna na revista Época. Naquele momento, foi o máximo o fato de um blog conseguir destaque na mídia. Um grande incentivo para sites do gênero, sem dúvida. Hoje a situação já avançou bastante e outros blogs já romperam barreiras muito importantes.
Tecnologia simples
Normalmente tecnologia não é uma preocupação muito grande por parte de quem quer montar blogs, flogs ou coisas do tipo. É chegar e se servir.
Para quem deseja um site mesmo, com mais recursos do que oferece o formato blog, há duas opções. Um deles é contratar um serviço especializado, que forneça toda a estrutura e deixe nas mãos do redator apenas a ferramenta de inclusão de notícias – normalmente um editor de textos básico, com ferramentas de edição e publicação (veja ao lado O que é CMS). A segunda solução requer um pouco mais de empenho técnico. É preciso correr atrás de um domínio, escolher a tecnologia e fazer a instalação. Além disso, configurar tudo, para eliminar os erros.
Parece difícil, mas existem sistemas prontos que demandam o mínimo de atenção em alguns pontos durante sua instalação, como o PHPNuke e o Mambo, só para citar alguns exemplos. A parte boa é que você pode encontrá-los traduzidos para o português. Viva a comunidade do software livre! (veja ao lado Gerenciamento de conteúdo para designers).
Informação confiável
Criar um blog ou portal requer outra coisa indispensável para qualquer comunicador: a credibilidade. É isso que vai manter os seus usuários ativos e ansiosos por mais conteúdo.
A receita é ficar sempre atualizado e manter um olhar crítico e sensato sobre assuntos mais polêmicos da área que deseja abordar. Esse é o básico do básico para jornalistas. A imparcialidade total fica por conta da casa, afinal são as suas idéias.
Para finalizar, promova discussões. Use ferramentas de feeback como comentários ou fóruns mais elaborados. Saiba o que seus visitantes pensam de você e dos seus eventuais colaboradores. Digerir as críticas com cuidado também é um ótimo exercício.
E a autopromoção?
Isso faz parte também. Afinal, quem não quer o seu lugar ao sol? Tudo o que você produzir (com ênfase em produzir) pode ser considerado como portifólio. Textos, pesquisas e resenhas bem desenvolvidas podem ser de grande ajuda para o seu lado profissional. Lembre-se de que você nunca tem certeza de quem está visitando seu site. [Webinsider]

Bares nossos de cada dia

Bares famosos preservam histórias e peculiaridades da boemia carioca
Por João Paulo Anzanello

RIO – Dizer que prudência e canja de galinha não faz mal a ninguém, isso todo mundo sabe. Mas o que poucos sabem, é que para alguns cariocas, boêmios convictos, um chope gelado bem tirado, ou um prato de bife à milanesa quentinho, também são indispensáveis e fazem parte da vida noturna de alguns bares famosos da cidade.

Bares como os tradicionais Lamas, Bar Brasil e Bar Luiz, são alguns dos mais antigos e pitorescos do Rio. Bons serviços, chope gelado, comidas saborosas e muitas, muitas histórias. Seja por tradição de família, seja por confortabilidade, bares como o Lamas, eleito como um dos melhores chopps da cidade, sempre conservaram um quê de historicismo e importância política.

O Bar Brasil, por exemplo, situado no coração da Lapa, bairro conhecidamente boêmio e por abrigar figuras e passagens marcantes da história, sempre figura na lista dos bares mais famosos, por ter um dos 10 melhores chopes do Rio – ainda tirado de uma chopeira antiga (uma velha torre de bronze com o mecanismo original), que garante o chope cremoso. É certamente um dos botequins que melhor representa a alma da boemia carioca.

O primeiro quesito que o torna especial é a qualidade do chopp. Claro ou escuro, a bebida é tratada com requinte. O cuidado vai desde a forma com que é tirado à atenção com a limpeza dos copos. Freqüentado por amantes de um bom chope e uma boa comida, a maioria das pessoas que circulam pelo Bar Brasil, ou trabalham no Centro da cidade, ou são pessoas que buscam qualidade com um bom preço. Os garçons são bastante antigos e atendem como se você fosse um conhecido de longa data.

Na época da Segunda Guerra Mundial, o Bar Brasil, notadamente freqüentado por políticos e pensadores da época, era um restaurante de renome e de apreciada comida alemã – mantém alguns traços da culinária germânica até hoje. Em função das pressões políticas e de interesses marketeiros (que queriam desassociar a imagem do bar à dos nazistas alemães), o bar optou por mudar de nome, para um de cunho nacional – Bar Brasil – e procurou dar alguns traços mais brasileiros ao ambiente e ao cardápio local. Ainda hoje, pode-se desfrutar um bom affstrudel (torta de maçã) e um kassler defumado de primeiríssima qualidade, com salada de batata e acompanhado de arroz e lentilha. Fundado em 1907, o Bar Brasil apresenta um ambiente singular. Nas paredes estão expostos quadros do pintor chileno Selarón. Chamam a atenção o piso, todo de ladrilhos, e os biombos de madeira, que separam o interior da rua. A atmosfera é sempre animada, especialmente nas noites de sexta. O bar não funciona aos domingos e não se estende madrugada adentro.

A história do Lamas se confunde com a da cidade. Em seus mais de 100 anos de existência, o bar foi freqüentado por personalidades como Machado de Assis, Manuel Bandeira e Di Cavalcanti, quando ainda se situava em frente ao Largo do Machado. Também funcionou como uma segunda casa para estudantes que, em troca, deram ao bar efervescência boêmia e política. Atualmente recebe jornalistas, intelectuais, excêntricos e artistas em busca de inspiração e bate-papo. No seu atual endereço, no início da rua Marquês de Abrantes, no Flamengo, o Lamas conserva consigo seu ótimo serviço, bons preços e freqüentadores fiéis.

A cozinha é muito boa, especialmente as carnes, sempre bem servidas e saborosas. O carro-chefe há mais de 60 anos é o filé à francesa, servido com batata palha, petit-pois, cebola e presunto. No almoço de sábado, a casa oferece uma das melhores feijoadas do bairro, mas é preciso chegar cedo para garantir o prato, pois a procura é enorme. Às segundas, a pedida é o viradinho à paulista, com arroz, tutu à mineira e um ovo estrelado. Tanto no almoço quanto no jantar, o Lamas mantém sempre seu status de tradição e conforto, como o seu clássico café da manhã e uma novidade: o chá da tarde, com geléia, torrada, queijo e presunto. Na madrugada, a canja de galinha é uma das suas marcas.

Apesar da recente reforma em sua fachada, que deixou o bar com aspecto de lanchonete, o interior mantém o clima de boemia. A atmosfera do Lamas é de intimidade, e mesmo com o grande salão espelhado, tem-se a impressão de que todos estão próximos.

Dois anônimos, freqüentadores assíduos da casa, já viraram personalidades paranormais no Lamas. O velho Mitsuplik – que dizem ser um ex-delegado da região – sempre chega de táxi e bêbado, senta-se à mesa e pede um chope. O curioso é ele estar sempre falando com alguém que não está ali. Porém, o papo com a “assombração” é bem contundente, cheio de gestos, caras e bocas. O outro cliente, com hábitos bastante curiosos, sempre chega fumando. Senta, pede uma Pepsi e duas garrafas de água com gás. Serve um copo para ele e outro para a “assombração”. Depois, pede um prato com arroz e filé à milanesa e serve seu prato e, é claro, o da suposta companhia. Ao final, vai embora e não paga a conta. A cena se repete toda quinta-feira, entre meia-noite e 1 hora. Fora eles, atores de teatro e alguns cronistas e jornalistas, como Nélson Rodrigues Filho, também são freqüentadores do Lamas.

O Bar Luiz, fundado em 1887, é um dos estabelecimentos mais tradicionais do Centro do Rio, conhecido não apenas por sua excelente cozinha alemã, mas igualmente pelos acontecimentos lendários que se confundem com a história da cidade. Contam, por exemplo, que o gosto do carioca pelo chope começou ali, a partir de uma brincadeira que o fundador da casa, Adolf Rumjaneck, inventou: homem forte, apostava queda-de-braço com os clientes. Se perdesse, pagava o vinho – bebida preferida do carioca na época; mas, se ganhasse, o freguês era obrigado a tomar o “chopp” da casa. A partir de então, o gosto pela tradicional bebida do carioca se difundiu, passou a ser servida na mesa, vinda de uma serpentina de 720 metros, garantindo um dos melhores sabores do Rio.

A cozinha não fica atrás. Os aperitivos servidos são extremamente populares. As lingüiças e os salsichões, que acompanhados de uma deliciosa salada de batata e mostarda escura, equivalem a um almoço completo. A recente novidade é que a casa agora abre também aos domingos, uma ótima opção de almoço para quem aproveita a programação cultural da cidade.

Histórias curiosas não faltam. A mais célebre continua sendo a intervenção de Ary Barroso, no momento em que os estudantes do Colégio Pedro II, em 1942, decidiram quebrar o bar, porque acreditavam que os donos eram simpatizantes de Hitler – uma vez que a casa, inicialmente, chamava-se Bar Adolf, primeiro nome do fundador Rumjaneck.
Com certeza, os botequins, bares e restaurantes tradicionais do Rio, já fazem parte dos pontos turísticos a serem visitados. O encontro com uma das instituições mais livres e democráticas da cidade, tanto do carioca, quanto do turista que vem ao Rio, torna a relação dos bares com a cultura brasileira muito importante, devido à sua identificação e fidelidade aos costumes e tradições. O afeto com que o carioca vê o “botequim” deve ser avivado pelo serviço atento, pela excelência das matérias-primas de que se abastecem os estabelecimentos e pelos espaços edificantes, onde o trabalho e o bom senso, são capazes de aliar preciosidades culinárias com bom preço. Encontrar tais exemplos, como o Lamas, o Bar Brasil ou o Bar Luiz, são retratos marcantes, ilustrando com maior precisão, as singularidades de cada caso, com os diferentes sabores e paixões do Rio.

Quem conhece os bares e botequins mais pitorescos e “mitológicos” da cidade, certamente estará traçando um excelente e rico roteiro para quem quer curtir um dos lados mais cariocas do Rio. No entanto, aquele que procura por antigos e charmosos bares, muito mais do que apenas indicar boas opções de lazer, estará dando status de referência à cidade. Assim como Paris tem seus cafés e bistrôs, Londres, os seus pubs, e Munique, as famosas cervejarias, o Rio de Janeiro tem seus bares e botequins. O conceito, muitas vezes subjetivo, do que seja o botequim – as expressões são as mais variadas possíveis; do pé-sujo ao bar fechado, do bunda-de-fora ao chopperia – varia do mais simples ao mais requintado.

Escolher apenas três, dentre um universo tão amplo de bares e botequins, é tarefa muitas vezes ingrata e quase sempre polêmica. Ainda mais porque o assunto é tratado com muita paixão pelo carioca, que se irrita quando não encontra o seu “botequim do coração”. Como religião, futebol e política, o assunto botequim é outro que, no Rio de Janeiro, não se deve discutir. Seja por estilo de cozinha, por bairro, pela qualidade do chopp ou por eventos musicais, a defesa por seu bar preferido é tratada como questão de honra pela população carioca.

Estes três bares, escolhidos a dedo por participarem ativamente do roteiro boêmio da cidade, podem perfeitamente ilustrar detalhes arquitetônicos e históricos, dicas e críticas sobre a cozinha, a bebida e a atmosfera de cada um deles, deixando à mostra toda “malandragem” e riqueza cultural que esses “monumentos” representam.

Como se sabe, todas estas características, que bares como o Lamas, Bar Luiz, Bar Brasil, entre outros, podem perfeitamente definir o que de melhor existe na alma carioca: alegria, amizade, petiscos, histórias e muito chope gelado. Mas o que podemos perceber também, analisando mais detalhadamente esses e outros bares, é que quando o assunto menciona ‘os melhores’, os ‘dez mais’ – seja entre os melhores chopes, pratos ou petiscos – ou as melhores e maiores ‘tradições do botequim’ preferido, entramos em uma discussão sem fim, tão profunda e dicotômica quanto um Fla x Flu ou um Garrincha x Pelé.

Controversa por natureza, uma vez que todos têm seu “boteco” do coração, essas discussões trazem à tona todas as virtudes que um estabelecimento deve ter para ser considerado um botequim à altura do gosto exigente do carioca. Do mesmo modo, as qualidades de um bom garçom, os segredos da cozinha caseira e do chopp – a bebida mais pedida nos bares do Rio. Além, é claro, de podermos conhecer mais a fundo a história da cidade e sua formação ideológica – as discussões quase sempre vão terminar numa boa mesa de bar acolhedora, seja para “afogar as mágoas”, seja para defender ferrenhamente suas próprias teses. A “segunda casa” do carioca reforça a importância que tais estabelecimentos têm para a imagem do Rio, mas, sobretudo, para o coração do morador da Cidade Maravilhosa.
colaborou Thomas Pires Ferreira

Onde encontrá-los no RJ:

BAR BRASIL
Chopp da Brahma a R$ 1,00 (garotinho) e R$ 1,50 (tulipa ou schnitt)
Dica: Patê de fígado com pão preto (R$ 6,00) ou Kassler à mineira (R$ 15,00)
Endereço: Av. Mem de Sá, 90 - Lapa (esquina c/ Rua do Lavradio)
Tel.: 2509-5943

BAR LUIZ
Chopp da Brahma a R$ 1,20
Dica: Salsichão aperitivo (R$ 6,00) ou Bife à milanesa c/ salada de batata (R$ 15,00)
Endereço: Rua da Carioca, 39 - Centro (entre o Largo da Carioca e a Praça Tiradentes)
Tel.: 2262-6900

LAMAS
Chopp da Brahma a R$ 1,30
Dica: Viradinho à paulista (R$ 10,50) ou Canja de galinha (R$ 11,00)
Endereço: Rua Marquês de Abrantes, 18 - Flamengo (próximo à Praça José de Alencar)
Tels.: 2556-0799 / 2556-0229

Fonte: Guia Rio Botequim 2000
Deletar, protocolar e outros verbos
Resenha do dia 27-dezembro-2005 de Maria Tereza de Queiroz Piacentini*
Jocélia Borges, de São Paulo, quer saber qual o correto e qual a diferença entre protocolar e protocolizar. E Sandra Regina Martins, de Florianópolis, pergunta sobre "alguns verbos de cunho técnico e que não constam no dicionário, tipo disponibilizar, itemizar, customizar e outros do gênero. Às vezes preciso utilizar algum desses verbos e não sei se devo".
Digamos que você pode, Sandra. "Tudo o que se vê tem um nome" (PVOLP, 1999, p. XXII) e tudo o que se faz também é denominado. Se o ser humano cria objetos, inventa instrumentos e descobre novos afazeres, precisa dar-lhes nomes, que vão sendo incorporados à língua. A questão é que normalmente na área técnica e científica eles têm vindo do inglês, e aí deveriam pelo menos sofrer uma nacionalização na ortografia.
Por quê escrever ticket ou copydesk se podemos escrever tíquete e copidesque? Ou 'linkar' no lugar de lincar? Na verdade, por quê lincar se temos ligar? Por que deletar e não apagar?
A resposta pode ser dada pelo presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL): O certo é que a língua portuguesa cresceu, até mesmo em virtude da introjeção de termos ligados ao desenvolvimento científico e tecnológico e de muitos estrangeirismos.(...) Não há como conter esse crescimento, mesmo que, por vezes, seja ele fruto de (...) um lamentável 'lingüicídio', palavra que, aliás, consta do nosso Vocabulário". Refere-se o presidente ao Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (PVOLP), organizado pela ABL, cuja edição de 1999 registra a grafia correta e a classe gramatical de 350 mil verbetes. Nele já constam vocábulos como lincar, deletar e site, o que tem sido motivo de algumas críticas.
Outro fator que responderia a essa fácil adesão ao estrangeirismo - mesmo nacionalizado - é "a lei do menor esforço". Consta que o escritor português José Saramago, quando veio ao Brasil no ano passado, indignou-se ao escutar no saguão do hotel: "Vamos checar..." O Nobel de Literatura não se conteve: "Ora, pois, não se pode mais verificar, averiguar?" O caso é que checar (aportuguesamento do inglês to check) é muito mais fácil de dizer e escrever do que seus sinônimos em português.
Enfim, a língua é mais dinâmica do que os dicionários. Na sua 1ª edição, por exemplo, o Aurélio não consignava o verbo alocar, termo cuja autenticidade hoje ninguém discute. O Aurélio Século XXI ainda não traz os verbos mencionados pela resenhista Sandra, mas certamente vai incorporá-los numa nova edição se continuarem a ser usados com freqüência. Ocorre que muitas palavras são criadas por uma necessidade imediata mas não "pegam", morrem na praia. Foi o caso de "imexível" e pode ser o de "customizar", palavrinha difícil de entender. Portanto: agilizar, oportunizar, otimizar, lindar, disponibilizar, acessar, deletar, itemizar, etc., podem ser utilizados... Com moderação!
PROTOCOLAR E PROTOCOLIZAR
Ambas as formas – já dicionarizadas – têm o sentido de "registrar no protocolo". 'Protocolar' é uma simplificação brasileira do verbo original 'protocolizar', formado pelo adjetivo protocolar + o sufixo izar, que indica ação. Para fugir de possível confusão entre o adjetivo protocolar ["FHC teve com ACM uma conversa curta e protocolar", por exemplo] e o verbo protocolar, um amigo meu utiliza protocolizar quando usa o infinitivo, mas gosta da forma mais rápida e simples nos outros casos:
• Favor PROTOCOLIZAR todos os ofícios, solicitou ela.
• Afirmou o juiz que o recurso foi PROTOCOLADO fora do prazo.
• O partido PROTOCOLOU no Senado denúncia de que o deputado Estevão estaria envolvido em irregularidades na construção do prédio do TJ de Brasília.
*Diretora do Instituto Euclides da Cunha e autora dos livros "Só Vírgula", "Só Palavras Compostas" e "Língua Brasil: Crase, pronomes & curiosidades".
Jornalismo digital tem vez no prêmio Pulitzer
Segunda-feira, 26 de dezembro de 2005 - 09h02
A edição 2006 do mais cobiçado prêmio da imprensa norte-americana abre as portas para reportagens (texto e imagens) publicadas em blogs e portais da internet.
São Paulo - O conselho de administração do Pulitzer reconheceu finalmente a importância do jornalismo online. Agora, conteúdos digitalizados da imprensa escrita também podem concorrer ao prêmio.
Pelo regulamento, os candidatos à categoria "Pulitzer Internet" podem inscrever apenas material com texto e imagens, publicados em blogs ou portais. Não serão aceitos vídeos e áudios. O prazo para as inscrições se encerra em 1 de fevereiro. Os vencedores da edição 2006 serão anunciados dia 17 de Abril.
O mais cobiçado galardão do jornalismo norte-americano, atribuído anualmente pela Universidade de Columbia, foi criado em 1917, seis anos após a morte de Joseph Pulitzer, imigrante húngaro que mudou a face do jornalismo norte-americano, criando os jornais "St. Louis Dispatch" (ainda em atividade) e o "New York World" (atualmente conhecido como "New York World-Telegram").
Pulitzer foi um feroz defensor do ensino do jornalismo no meio acadêmico. Em seu testamento, ele expressou a vontade de instituir um prêmio que estimulasse o jornalismo e as artes.
João Magalhães

Elevador do Pinocchio - Gabriel C R Barbosa

Não há nada mais prazeroso do que ser acariciado pela serventia cega e absolutamente manipulável de um elevador. Novo. Porque os antigos mentem para nós, a luz acende no andar e as vezes ele não está lá. Aliás, quem disse que elevador é ele? Palavra masculina não quer dizer gênero feminino. Ou sim? Feminismo é uma palavra masculina. Toda feminista é um macho? Não se sabe. Mas esse não é o caso, vai ficar sendo elevador ele pra não ter que ficar colocando ele (a) elevador o tempo todo. Aliás, é bom também, além de não escrever além o tempo todo, além de aliás, passar a abolir acentos que demandam tempo de digitacao (viu, sem acento!).

Entaum agora que estamos combinados com relacao aas regras do artigo, que naum eh definido nem indefinido, porque como dito acima, esta discussao aa cerca do genero das palavras eh cansativa e naum leva a lugar nenhum, podemos continuar o que ainda nem comecou. Alem do que, aliahs, pelo visto naum vamos a lugar nenhum mesmo. Onde eu tava mesmo? Ah, pois é (droga, acentuei), em lugar nenhum. O elevador antigo! Ele naum estah lah aas vezes. Vejam vcs: quantos casos existem de pessoas que caíram no posso ( ou nao posso?) com os elevadores modernosos e que indicam com setas digitais e falam em que andar vc estah com uma voz que sem duvida eh de um projeto proposital de unir a rose dos jetsons com aquela mulher do galeao, que naum é mais galeao, eh antonio carlos jobim, parceiro do vinicius, grande poetinha, que eh conhecida no mundo todo ( aquela que fala os voos em portugues e depois em ingles, nao necessariamente nesta ordem de importancia e submissao, com uma voz sexy que talvez tenha alguma coisa aa ver com submissao, mas que nada tem a ver com elevadores, apesar da voz dela estar sendo usada nos elevadores modernos, mas que tambem nada tem a ver com as feministas ou com o genero destes mesmos elevadores, antigos ou novos ou modernos ou ele ou ela.)( aliahs, era para ser interrogacao, neh?). Quase ninguém! (volte aa pergunta acima para entender a resposta. Sim, aquilo foi uma pergunta). E naum e soh isso, os elevadores velhos inguicavam com frequencia mais do que absurda, como tudo que eh velho nessa sociedade de juventude e outros times mais importantes. A agonia de ficar preso ao lado de outro ser ou nao ser umano, consumindo o mesmo ar condicionado quente que vc. E o pior, tendo que aturar a cara de outra pessoa, que lastima! Nos elevadores modernos o tormento de Prometeu é menor. Muito menor. Aliás, além, de menor. Aquela serventia cega e absolutamente manipulável de que eu falava acima, umas ( peraí que eu vou contar... ... ... ah, naum precisa, o word tem uma paradinha embaixo que diz quantas linhas estamos escrevendo. Viva o moderno, mais uma vez!) 32 linhas acima, contando com essa que vai terminar ag ( terminou, pelo menos aqui, não sei se na página de diagramacao vai ficar igual), que dizia, pois é, advem do fato que apertar o botão do elevador já indica que ele virá. Sim, ele vem, ve e desce, ou sobe. Ele nao reclama, nao tem ascepticossorista, é um botão que manda o comando vem pra esse andar e ele vem e ponto. Ponto pra tecnologia, ponto pro conforto. Conforto, conforto, conforto! Quanto menas gente mais conforto! Claro que nao deu ainda pra eliminar gente dentro do elevador. Ainda temo que descer e subir com gente do nosso lado, aas vezes enche o elevador e fica aquele incomodo orrendo de ter alguem a menos de um palmo de vc. Cristo, é claustrofóbico! Mas não há alegria maior do que, quando naum ha ninguem por perto, cantar no elevador, fazer careta pro espelho, dancar. Que coisa mais desagradavel ter de para nos andares, porque nao podemos descer direto para onde queremos? Alias, eh igual ao onibus. Nao podia nao parar nos pontos? Nao podia estar sempre vazio, sem que ninguem ocupasse a cadeira do lado? Imagine um mundo de elevadores e onibus vazios, indo direto para onde queremos, sem que outros atrapalhassem nossos planos! Que mundo maravilhoso, particular, sublime. Mal espero o dia em que os elevadores velhos estarão todos mortos e enterrados, aqueles elevadores mecanicos, sem ar condicionado, com cheiro de mofo, cheiro de gente e sem o cheiro de metal e marmore polido dos elevadores novos. Aqueles elevadores velhos, encrenqueiros, lentos, com aquela luz ridicula indicando os andares como se fosse possível nesta vida acreditar em alguma coisa que fosse velha e ultrapassada. Que venha o novo, sempre! Um dia ainda acabaremos com as luzes falhas dos velhos elevadores, com sua mania de nos deixar presos nos andares, de ter de passar mais de minutos com outros. Um dia os onibus tambem serao so nossos, nos levarao para onde quisermos, e ficaremos com um orgulho absurdo quando eles passarem dos pontos ante o olhar desesperado dos que queriam entrar no NOSSO onibus! E nao mais com velada felicidade, comemoraremos cada sinal avancado, cada limite de velocidade extrapolado, cada segundo ganho.
Seremos os melhores dos umanos, sendo ou nao sendo, quando o dedo esticado for sinal de obediencia, tanto de elevadores quanto de onibus. Sem interferentes, apertaremos os botoes com consciencia de estarmos sendo obedecidos, o elevador vira com os rabos entre as penas, sabendo quem manda, sem que tenhamos de aturar os umores umanos de ascensoristas com suas idiossincrasias e decisoes volateis. Apertar significara VIR. Esticar o dedo significara PARAR. Nada sera mais feliz do que viver neste mundo de solidao obediente, so ouvindo a voz de aeroporto e da rose dos jetsons, submissa ante os EUA e o portugues, sem que eu saiba se eh feminista ou naum, e que, se deus ex-machina quiser, nem umana em demasia será! Sem a(c)ssentos.
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