Ajude seu amigo que escreve a ser editor
30/06/2005 13:47
Para os que chegam agora: seu amigo que escreve resolveu fazer um blog ou um site de conteúdo, mas não entende nada de tecnologia, só de texto. O que você diria para ele?
James Della Valle
"Acordei com vontade de criar uma página de notícias". A facilidade para colocar sites no ar abre as portas para projetos individualistas.
Todo mundo tem um exemplo próximo. No meu caso, o amigo Tércio Silveira, que teve a idéia de montar seu site, o Churrasco Grego. Na época, ele procurava alguém para montar o sistema de notícias, justamente quando eu começava a me envolver com linguagens de programação para a internet (PHP para ser mais específico).
Em pouco tempo, o site estava no ar. Com colaboradores de diversas áreas, o "CG" abordava temas que iam desde cultura geral até política. Tempos depois, o site passou para o Gardenal.org e perdi o contato com o projeto. Sei que ele continua lá, firme e forte com conteúdo sempre atualizado.
Por quê ele fez isso? Quando um comunicador decide dar um passo como a criação de um site de conteúdo, ele é movido por duas coisas: vontade de exercitar a mente e, em segundo plano, vontade de tornar-se mais conhecido.
O primeiro motivo é o que geralmente dá impulso a um projeto desse tipo. O editor parte do princípio de que o seu trabalho oficial (ou a falta dele) não consegue suprir os níveis de liberdade e criatividade que o seu cérebro pede. A idéia é procurar um projeto paralelo para fugir da mesmice e buscar abrir espaços.
Um exemplo é o blog Garotas que Dizem Ni, que virou coluna na revista Época. Naquele momento, foi o máximo o fato de um blog conseguir destaque na mídia. Um grande incentivo para sites do gênero, sem dúvida. Hoje a situação já avançou bastante e outros blogs já romperam barreiras muito importantes.
Tecnologia simples
Normalmente tecnologia não é uma preocupação muito grande por parte de quem quer montar blogs, flogs ou coisas do tipo. É chegar e se servir.
Para quem deseja um site mesmo, com mais recursos do que oferece o formato blog, há duas opções. Um deles é contratar um serviço especializado, que forneça toda a estrutura e deixe nas mãos do redator apenas a ferramenta de inclusão de notícias – normalmente um editor de textos básico, com ferramentas de edição e publicação (veja ao lado O que é CMS). A segunda solução requer um pouco mais de empenho técnico. É preciso correr atrás de um domínio, escolher a tecnologia e fazer a instalação. Além disso, configurar tudo, para eliminar os erros.
Parece difícil, mas existem sistemas prontos que demandam o mínimo de atenção em alguns pontos durante sua instalação, como o PHPNuke e o Mambo, só para citar alguns exemplos. A parte boa é que você pode encontrá-los traduzidos para o português. Viva a comunidade do software livre! (veja ao lado Gerenciamento de conteúdo para designers).
Informação confiável
Criar um blog ou portal requer outra coisa indispensável para qualquer comunicador: a credibilidade. É isso que vai manter os seus usuários ativos e ansiosos por mais conteúdo.
A receita é ficar sempre atualizado e manter um olhar crítico e sensato sobre assuntos mais polêmicos da área que deseja abordar. Esse é o básico do básico para jornalistas. A imparcialidade total fica por conta da casa, afinal são as suas idéias.
Para finalizar, promova discussões. Use ferramentas de feeback como comentários ou fóruns mais elaborados. Saiba o que seus visitantes pensam de você e dos seus eventuais colaboradores. Digerir as críticas com cuidado também é um ótimo exercício.
E a autopromoção?
Isso faz parte também. Afinal, quem não quer o seu lugar ao sol? Tudo o que você produzir (com ênfase em produzir) pode ser considerado como portifólio. Textos, pesquisas e resenhas bem desenvolvidas podem ser de grande ajuda para o seu lado profissional. Lembre-se de que você nunca tem certeza de quem está visitando seu site. [Webinsider]

Bares nossos de cada dia

Bares famosos preservam histórias e peculiaridades da boemia carioca
Por João Paulo Anzanello

RIO – Dizer que prudência e canja de galinha não faz mal a ninguém, isso todo mundo sabe. Mas o que poucos sabem, é que para alguns cariocas, boêmios convictos, um chope gelado bem tirado, ou um prato de bife à milanesa quentinho, também são indispensáveis e fazem parte da vida noturna de alguns bares famosos da cidade.

Bares como os tradicionais Lamas, Bar Brasil e Bar Luiz, são alguns dos mais antigos e pitorescos do Rio. Bons serviços, chope gelado, comidas saborosas e muitas, muitas histórias. Seja por tradição de família, seja por confortabilidade, bares como o Lamas, eleito como um dos melhores chopps da cidade, sempre conservaram um quê de historicismo e importância política.

O Bar Brasil, por exemplo, situado no coração da Lapa, bairro conhecidamente boêmio e por abrigar figuras e passagens marcantes da história, sempre figura na lista dos bares mais famosos, por ter um dos 10 melhores chopes do Rio – ainda tirado de uma chopeira antiga (uma velha torre de bronze com o mecanismo original), que garante o chope cremoso. É certamente um dos botequins que melhor representa a alma da boemia carioca.

O primeiro quesito que o torna especial é a qualidade do chopp. Claro ou escuro, a bebida é tratada com requinte. O cuidado vai desde a forma com que é tirado à atenção com a limpeza dos copos. Freqüentado por amantes de um bom chope e uma boa comida, a maioria das pessoas que circulam pelo Bar Brasil, ou trabalham no Centro da cidade, ou são pessoas que buscam qualidade com um bom preço. Os garçons são bastante antigos e atendem como se você fosse um conhecido de longa data.

Na época da Segunda Guerra Mundial, o Bar Brasil, notadamente freqüentado por políticos e pensadores da época, era um restaurante de renome e de apreciada comida alemã – mantém alguns traços da culinária germânica até hoje. Em função das pressões políticas e de interesses marketeiros (que queriam desassociar a imagem do bar à dos nazistas alemães), o bar optou por mudar de nome, para um de cunho nacional – Bar Brasil – e procurou dar alguns traços mais brasileiros ao ambiente e ao cardápio local. Ainda hoje, pode-se desfrutar um bom affstrudel (torta de maçã) e um kassler defumado de primeiríssima qualidade, com salada de batata e acompanhado de arroz e lentilha. Fundado em 1907, o Bar Brasil apresenta um ambiente singular. Nas paredes estão expostos quadros do pintor chileno Selarón. Chamam a atenção o piso, todo de ladrilhos, e os biombos de madeira, que separam o interior da rua. A atmosfera é sempre animada, especialmente nas noites de sexta. O bar não funciona aos domingos e não se estende madrugada adentro.

A história do Lamas se confunde com a da cidade. Em seus mais de 100 anos de existência, o bar foi freqüentado por personalidades como Machado de Assis, Manuel Bandeira e Di Cavalcanti, quando ainda se situava em frente ao Largo do Machado. Também funcionou como uma segunda casa para estudantes que, em troca, deram ao bar efervescência boêmia e política. Atualmente recebe jornalistas, intelectuais, excêntricos e artistas em busca de inspiração e bate-papo. No seu atual endereço, no início da rua Marquês de Abrantes, no Flamengo, o Lamas conserva consigo seu ótimo serviço, bons preços e freqüentadores fiéis.

A cozinha é muito boa, especialmente as carnes, sempre bem servidas e saborosas. O carro-chefe há mais de 60 anos é o filé à francesa, servido com batata palha, petit-pois, cebola e presunto. No almoço de sábado, a casa oferece uma das melhores feijoadas do bairro, mas é preciso chegar cedo para garantir o prato, pois a procura é enorme. Às segundas, a pedida é o viradinho à paulista, com arroz, tutu à mineira e um ovo estrelado. Tanto no almoço quanto no jantar, o Lamas mantém sempre seu status de tradição e conforto, como o seu clássico café da manhã e uma novidade: o chá da tarde, com geléia, torrada, queijo e presunto. Na madrugada, a canja de galinha é uma das suas marcas.

Apesar da recente reforma em sua fachada, que deixou o bar com aspecto de lanchonete, o interior mantém o clima de boemia. A atmosfera do Lamas é de intimidade, e mesmo com o grande salão espelhado, tem-se a impressão de que todos estão próximos.

Dois anônimos, freqüentadores assíduos da casa, já viraram personalidades paranormais no Lamas. O velho Mitsuplik – que dizem ser um ex-delegado da região – sempre chega de táxi e bêbado, senta-se à mesa e pede um chope. O curioso é ele estar sempre falando com alguém que não está ali. Porém, o papo com a “assombração” é bem contundente, cheio de gestos, caras e bocas. O outro cliente, com hábitos bastante curiosos, sempre chega fumando. Senta, pede uma Pepsi e duas garrafas de água com gás. Serve um copo para ele e outro para a “assombração”. Depois, pede um prato com arroz e filé à milanesa e serve seu prato e, é claro, o da suposta companhia. Ao final, vai embora e não paga a conta. A cena se repete toda quinta-feira, entre meia-noite e 1 hora. Fora eles, atores de teatro e alguns cronistas e jornalistas, como Nélson Rodrigues Filho, também são freqüentadores do Lamas.

O Bar Luiz, fundado em 1887, é um dos estabelecimentos mais tradicionais do Centro do Rio, conhecido não apenas por sua excelente cozinha alemã, mas igualmente pelos acontecimentos lendários que se confundem com a história da cidade. Contam, por exemplo, que o gosto do carioca pelo chope começou ali, a partir de uma brincadeira que o fundador da casa, Adolf Rumjaneck, inventou: homem forte, apostava queda-de-braço com os clientes. Se perdesse, pagava o vinho – bebida preferida do carioca na época; mas, se ganhasse, o freguês era obrigado a tomar o “chopp” da casa. A partir de então, o gosto pela tradicional bebida do carioca se difundiu, passou a ser servida na mesa, vinda de uma serpentina de 720 metros, garantindo um dos melhores sabores do Rio.

A cozinha não fica atrás. Os aperitivos servidos são extremamente populares. As lingüiças e os salsichões, que acompanhados de uma deliciosa salada de batata e mostarda escura, equivalem a um almoço completo. A recente novidade é que a casa agora abre também aos domingos, uma ótima opção de almoço para quem aproveita a programação cultural da cidade.

Histórias curiosas não faltam. A mais célebre continua sendo a intervenção de Ary Barroso, no momento em que os estudantes do Colégio Pedro II, em 1942, decidiram quebrar o bar, porque acreditavam que os donos eram simpatizantes de Hitler – uma vez que a casa, inicialmente, chamava-se Bar Adolf, primeiro nome do fundador Rumjaneck.
Com certeza, os botequins, bares e restaurantes tradicionais do Rio, já fazem parte dos pontos turísticos a serem visitados. O encontro com uma das instituições mais livres e democráticas da cidade, tanto do carioca, quanto do turista que vem ao Rio, torna a relação dos bares com a cultura brasileira muito importante, devido à sua identificação e fidelidade aos costumes e tradições. O afeto com que o carioca vê o “botequim” deve ser avivado pelo serviço atento, pela excelência das matérias-primas de que se abastecem os estabelecimentos e pelos espaços edificantes, onde o trabalho e o bom senso, são capazes de aliar preciosidades culinárias com bom preço. Encontrar tais exemplos, como o Lamas, o Bar Brasil ou o Bar Luiz, são retratos marcantes, ilustrando com maior precisão, as singularidades de cada caso, com os diferentes sabores e paixões do Rio.

Quem conhece os bares e botequins mais pitorescos e “mitológicos” da cidade, certamente estará traçando um excelente e rico roteiro para quem quer curtir um dos lados mais cariocas do Rio. No entanto, aquele que procura por antigos e charmosos bares, muito mais do que apenas indicar boas opções de lazer, estará dando status de referência à cidade. Assim como Paris tem seus cafés e bistrôs, Londres, os seus pubs, e Munique, as famosas cervejarias, o Rio de Janeiro tem seus bares e botequins. O conceito, muitas vezes subjetivo, do que seja o botequim – as expressões são as mais variadas possíveis; do pé-sujo ao bar fechado, do bunda-de-fora ao chopperia – varia do mais simples ao mais requintado.

Escolher apenas três, dentre um universo tão amplo de bares e botequins, é tarefa muitas vezes ingrata e quase sempre polêmica. Ainda mais porque o assunto é tratado com muita paixão pelo carioca, que se irrita quando não encontra o seu “botequim do coração”. Como religião, futebol e política, o assunto botequim é outro que, no Rio de Janeiro, não se deve discutir. Seja por estilo de cozinha, por bairro, pela qualidade do chopp ou por eventos musicais, a defesa por seu bar preferido é tratada como questão de honra pela população carioca.

Estes três bares, escolhidos a dedo por participarem ativamente do roteiro boêmio da cidade, podem perfeitamente ilustrar detalhes arquitetônicos e históricos, dicas e críticas sobre a cozinha, a bebida e a atmosfera de cada um deles, deixando à mostra toda “malandragem” e riqueza cultural que esses “monumentos” representam.

Como se sabe, todas estas características, que bares como o Lamas, Bar Luiz, Bar Brasil, entre outros, podem perfeitamente definir o que de melhor existe na alma carioca: alegria, amizade, petiscos, histórias e muito chope gelado. Mas o que podemos perceber também, analisando mais detalhadamente esses e outros bares, é que quando o assunto menciona ‘os melhores’, os ‘dez mais’ – seja entre os melhores chopes, pratos ou petiscos – ou as melhores e maiores ‘tradições do botequim’ preferido, entramos em uma discussão sem fim, tão profunda e dicotômica quanto um Fla x Flu ou um Garrincha x Pelé.

Controversa por natureza, uma vez que todos têm seu “boteco” do coração, essas discussões trazem à tona todas as virtudes que um estabelecimento deve ter para ser considerado um botequim à altura do gosto exigente do carioca. Do mesmo modo, as qualidades de um bom garçom, os segredos da cozinha caseira e do chopp – a bebida mais pedida nos bares do Rio. Além, é claro, de podermos conhecer mais a fundo a história da cidade e sua formação ideológica – as discussões quase sempre vão terminar numa boa mesa de bar acolhedora, seja para “afogar as mágoas”, seja para defender ferrenhamente suas próprias teses. A “segunda casa” do carioca reforça a importância que tais estabelecimentos têm para a imagem do Rio, mas, sobretudo, para o coração do morador da Cidade Maravilhosa.
colaborou Thomas Pires Ferreira

Onde encontrá-los no RJ:

BAR BRASIL
Chopp da Brahma a R$ 1,00 (garotinho) e R$ 1,50 (tulipa ou schnitt)
Dica: Patê de fígado com pão preto (R$ 6,00) ou Kassler à mineira (R$ 15,00)
Endereço: Av. Mem de Sá, 90 - Lapa (esquina c/ Rua do Lavradio)
Tel.: 2509-5943

BAR LUIZ
Chopp da Brahma a R$ 1,20
Dica: Salsichão aperitivo (R$ 6,00) ou Bife à milanesa c/ salada de batata (R$ 15,00)
Endereço: Rua da Carioca, 39 - Centro (entre o Largo da Carioca e a Praça Tiradentes)
Tel.: 2262-6900

LAMAS
Chopp da Brahma a R$ 1,30
Dica: Viradinho à paulista (R$ 10,50) ou Canja de galinha (R$ 11,00)
Endereço: Rua Marquês de Abrantes, 18 - Flamengo (próximo à Praça José de Alencar)
Tels.: 2556-0799 / 2556-0229

Fonte: Guia Rio Botequim 2000
Deletar, protocolar e outros verbos
Resenha do dia 27-dezembro-2005 de Maria Tereza de Queiroz Piacentini*
Jocélia Borges, de São Paulo, quer saber qual o correto e qual a diferença entre protocolar e protocolizar. E Sandra Regina Martins, de Florianópolis, pergunta sobre "alguns verbos de cunho técnico e que não constam no dicionário, tipo disponibilizar, itemizar, customizar e outros do gênero. Às vezes preciso utilizar algum desses verbos e não sei se devo".
Digamos que você pode, Sandra. "Tudo o que se vê tem um nome" (PVOLP, 1999, p. XXII) e tudo o que se faz também é denominado. Se o ser humano cria objetos, inventa instrumentos e descobre novos afazeres, precisa dar-lhes nomes, que vão sendo incorporados à língua. A questão é que normalmente na área técnica e científica eles têm vindo do inglês, e aí deveriam pelo menos sofrer uma nacionalização na ortografia.
Por quê escrever ticket ou copydesk se podemos escrever tíquete e copidesque? Ou 'linkar' no lugar de lincar? Na verdade, por quê lincar se temos ligar? Por que deletar e não apagar?
A resposta pode ser dada pelo presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL): O certo é que a língua portuguesa cresceu, até mesmo em virtude da introjeção de termos ligados ao desenvolvimento científico e tecnológico e de muitos estrangeirismos.(...) Não há como conter esse crescimento, mesmo que, por vezes, seja ele fruto de (...) um lamentável 'lingüicídio', palavra que, aliás, consta do nosso Vocabulário". Refere-se o presidente ao Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (PVOLP), organizado pela ABL, cuja edição de 1999 registra a grafia correta e a classe gramatical de 350 mil verbetes. Nele já constam vocábulos como lincar, deletar e site, o que tem sido motivo de algumas críticas.
Outro fator que responderia a essa fácil adesão ao estrangeirismo - mesmo nacionalizado - é "a lei do menor esforço". Consta que o escritor português José Saramago, quando veio ao Brasil no ano passado, indignou-se ao escutar no saguão do hotel: "Vamos checar..." O Nobel de Literatura não se conteve: "Ora, pois, não se pode mais verificar, averiguar?" O caso é que checar (aportuguesamento do inglês to check) é muito mais fácil de dizer e escrever do que seus sinônimos em português.
Enfim, a língua é mais dinâmica do que os dicionários. Na sua 1ª edição, por exemplo, o Aurélio não consignava o verbo alocar, termo cuja autenticidade hoje ninguém discute. O Aurélio Século XXI ainda não traz os verbos mencionados pela resenhista Sandra, mas certamente vai incorporá-los numa nova edição se continuarem a ser usados com freqüência. Ocorre que muitas palavras são criadas por uma necessidade imediata mas não "pegam", morrem na praia. Foi o caso de "imexível" e pode ser o de "customizar", palavrinha difícil de entender. Portanto: agilizar, oportunizar, otimizar, lindar, disponibilizar, acessar, deletar, itemizar, etc., podem ser utilizados... Com moderação!
PROTOCOLAR E PROTOCOLIZAR
Ambas as formas – já dicionarizadas – têm o sentido de "registrar no protocolo". 'Protocolar' é uma simplificação brasileira do verbo original 'protocolizar', formado pelo adjetivo protocolar + o sufixo izar, que indica ação. Para fugir de possível confusão entre o adjetivo protocolar ["FHC teve com ACM uma conversa curta e protocolar", por exemplo] e o verbo protocolar, um amigo meu utiliza protocolizar quando usa o infinitivo, mas gosta da forma mais rápida e simples nos outros casos:
• Favor PROTOCOLIZAR todos os ofícios, solicitou ela.
• Afirmou o juiz que o recurso foi PROTOCOLADO fora do prazo.
• O partido PROTOCOLOU no Senado denúncia de que o deputado Estevão estaria envolvido em irregularidades na construção do prédio do TJ de Brasília.
*Diretora do Instituto Euclides da Cunha e autora dos livros "Só Vírgula", "Só Palavras Compostas" e "Língua Brasil: Crase, pronomes & curiosidades".
Jornalismo digital tem vez no prêmio Pulitzer
Segunda-feira, 26 de dezembro de 2005 - 09h02
A edição 2006 do mais cobiçado prêmio da imprensa norte-americana abre as portas para reportagens (texto e imagens) publicadas em blogs e portais da internet.
São Paulo - O conselho de administração do Pulitzer reconheceu finalmente a importância do jornalismo online. Agora, conteúdos digitalizados da imprensa escrita também podem concorrer ao prêmio.
Pelo regulamento, os candidatos à categoria "Pulitzer Internet" podem inscrever apenas material com texto e imagens, publicados em blogs ou portais. Não serão aceitos vídeos e áudios. O prazo para as inscrições se encerra em 1 de fevereiro. Os vencedores da edição 2006 serão anunciados dia 17 de Abril.
O mais cobiçado galardão do jornalismo norte-americano, atribuído anualmente pela Universidade de Columbia, foi criado em 1917, seis anos após a morte de Joseph Pulitzer, imigrante húngaro que mudou a face do jornalismo norte-americano, criando os jornais "St. Louis Dispatch" (ainda em atividade) e o "New York World" (atualmente conhecido como "New York World-Telegram").
Pulitzer foi um feroz defensor do ensino do jornalismo no meio acadêmico. Em seu testamento, ele expressou a vontade de instituir um prêmio que estimulasse o jornalismo e as artes.
João Magalhães

Elevador do Pinocchio - Gabriel C R Barbosa

Não há nada mais prazeroso do que ser acariciado pela serventia cega e absolutamente manipulável de um elevador. Novo. Porque os antigos mentem para nós, a luz acende no andar e as vezes ele não está lá. Aliás, quem disse que elevador é ele? Palavra masculina não quer dizer gênero feminino. Ou sim? Feminismo é uma palavra masculina. Toda feminista é um macho? Não se sabe. Mas esse não é o caso, vai ficar sendo elevador ele pra não ter que ficar colocando ele (a) elevador o tempo todo. Aliás, é bom também, além de não escrever além o tempo todo, além de aliás, passar a abolir acentos que demandam tempo de digitacao (viu, sem acento!).

Entaum agora que estamos combinados com relacao aas regras do artigo, que naum eh definido nem indefinido, porque como dito acima, esta discussao aa cerca do genero das palavras eh cansativa e naum leva a lugar nenhum, podemos continuar o que ainda nem comecou. Alem do que, aliahs, pelo visto naum vamos a lugar nenhum mesmo. Onde eu tava mesmo? Ah, pois é (droga, acentuei), em lugar nenhum. O elevador antigo! Ele naum estah lah aas vezes. Vejam vcs: quantos casos existem de pessoas que caíram no posso ( ou nao posso?) com os elevadores modernosos e que indicam com setas digitais e falam em que andar vc estah com uma voz que sem duvida eh de um projeto proposital de unir a rose dos jetsons com aquela mulher do galeao, que naum é mais galeao, eh antonio carlos jobim, parceiro do vinicius, grande poetinha, que eh conhecida no mundo todo ( aquela que fala os voos em portugues e depois em ingles, nao necessariamente nesta ordem de importancia e submissao, com uma voz sexy que talvez tenha alguma coisa aa ver com submissao, mas que nada tem a ver com elevadores, apesar da voz dela estar sendo usada nos elevadores modernos, mas que tambem nada tem a ver com as feministas ou com o genero destes mesmos elevadores, antigos ou novos ou modernos ou ele ou ela.)( aliahs, era para ser interrogacao, neh?). Quase ninguém! (volte aa pergunta acima para entender a resposta. Sim, aquilo foi uma pergunta). E naum e soh isso, os elevadores velhos inguicavam com frequencia mais do que absurda, como tudo que eh velho nessa sociedade de juventude e outros times mais importantes. A agonia de ficar preso ao lado de outro ser ou nao ser umano, consumindo o mesmo ar condicionado quente que vc. E o pior, tendo que aturar a cara de outra pessoa, que lastima! Nos elevadores modernos o tormento de Prometeu é menor. Muito menor. Aliás, além, de menor. Aquela serventia cega e absolutamente manipulável de que eu falava acima, umas ( peraí que eu vou contar... ... ... ah, naum precisa, o word tem uma paradinha embaixo que diz quantas linhas estamos escrevendo. Viva o moderno, mais uma vez!) 32 linhas acima, contando com essa que vai terminar ag ( terminou, pelo menos aqui, não sei se na página de diagramacao vai ficar igual), que dizia, pois é, advem do fato que apertar o botão do elevador já indica que ele virá. Sim, ele vem, ve e desce, ou sobe. Ele nao reclama, nao tem ascepticossorista, é um botão que manda o comando vem pra esse andar e ele vem e ponto. Ponto pra tecnologia, ponto pro conforto. Conforto, conforto, conforto! Quanto menas gente mais conforto! Claro que nao deu ainda pra eliminar gente dentro do elevador. Ainda temo que descer e subir com gente do nosso lado, aas vezes enche o elevador e fica aquele incomodo orrendo de ter alguem a menos de um palmo de vc. Cristo, é claustrofóbico! Mas não há alegria maior do que, quando naum ha ninguem por perto, cantar no elevador, fazer careta pro espelho, dancar. Que coisa mais desagradavel ter de para nos andares, porque nao podemos descer direto para onde queremos? Alias, eh igual ao onibus. Nao podia nao parar nos pontos? Nao podia estar sempre vazio, sem que ninguem ocupasse a cadeira do lado? Imagine um mundo de elevadores e onibus vazios, indo direto para onde queremos, sem que outros atrapalhassem nossos planos! Que mundo maravilhoso, particular, sublime. Mal espero o dia em que os elevadores velhos estarão todos mortos e enterrados, aqueles elevadores mecanicos, sem ar condicionado, com cheiro de mofo, cheiro de gente e sem o cheiro de metal e marmore polido dos elevadores novos. Aqueles elevadores velhos, encrenqueiros, lentos, com aquela luz ridicula indicando os andares como se fosse possível nesta vida acreditar em alguma coisa que fosse velha e ultrapassada. Que venha o novo, sempre! Um dia ainda acabaremos com as luzes falhas dos velhos elevadores, com sua mania de nos deixar presos nos andares, de ter de passar mais de minutos com outros. Um dia os onibus tambem serao so nossos, nos levarao para onde quisermos, e ficaremos com um orgulho absurdo quando eles passarem dos pontos ante o olhar desesperado dos que queriam entrar no NOSSO onibus! E nao mais com velada felicidade, comemoraremos cada sinal avancado, cada limite de velocidade extrapolado, cada segundo ganho.
Seremos os melhores dos umanos, sendo ou nao sendo, quando o dedo esticado for sinal de obediencia, tanto de elevadores quanto de onibus. Sem interferentes, apertaremos os botoes com consciencia de estarmos sendo obedecidos, o elevador vira com os rabos entre as penas, sabendo quem manda, sem que tenhamos de aturar os umores umanos de ascensoristas com suas idiossincrasias e decisoes volateis. Apertar significara VIR. Esticar o dedo significara PARAR. Nada sera mais feliz do que viver neste mundo de solidao obediente, so ouvindo a voz de aeroporto e da rose dos jetsons, submissa ante os EUA e o portugues, sem que eu saiba se eh feminista ou naum, e que, se deus ex-machina quiser, nem umana em demasia será! Sem a(c)ssentos.
Quem mexeu no meu texto? O dono dele. 16/11/2005 15:48, Webinsider.
O redator publicitário não é dono do texto que escreve, mas deve saber defendê-lo dos pitacos do cliente, que nem sempre tem razão. Defesa com embasamento tem mais credibilidade.
Adriana Baggio
Você imagina que H. G. Wells, autor do clássico A guerra dos mundos, possa ter tido preocupações mesquinhas como pessoas mexendo em seus escritos? Difícil, mas provável. Foi ele quem disse que "nenhuma paixão no mundo é comparável à paixão por alterar os textos de outra pessoa". Até parece que ele era publicitário e estava fazendo piada sobre o cliente durante um happy hour com o pessoal da agência.
Esse vício incontrolável por mexer no texto alheio faz parte das características básicas da maior parte dos clientes. Eles não resistem a tirar ou colocar um adjetivo; trocar por um sinônimo pobre a palavra perfeita que você demorou horas procurando; inserir um clichê no texto que você lapidou com todo o cuidado.
Peraí: texto alheio? Mas o texto é do cliente!
Bem, a gente até entende que Wells tenha se sentido ofendido quando algum editor quis mexer em suas histórias. Afinal, a obra de um escritor é autoral, a razão dela se encerra no próprio texto. Diferente de um anúncio publicitário, onde o texto é parte de um todo, e a razão desse todo não está em si mesmo, mas nos objetivos pré-determinados que deve ajudar a alcançar.
Por mais que o seu nome, redator, esteja nos melhores anuários de criação, a grande maioria dos leitores do texto que você escreveu para um anúncio nunca vai saber que o autor daquela brilhante sacada é você. Sua assinatura não vai aparecer. No máximo, a assinatura da agência. Mas o grande "autor" daquele texto é o anunciante. É quase como se o redator fosse um ghost writer. O cliente paga para você escrever o que ele vai dizer ao consumidor.
Essa é a realidade, às vezes meio dura de engolir. Os redatores publicitários têm uma relação umbilical com seus textos. Normalmente, porque são apaixonados pelo que fazem. Algumas vezes, porque o ego se materializa na escrita. Não importa o motivo dessa relação. Qualquer pitaco de cliente na cria dos redatores dói como ataque à integridade de um rebento.
É preciso reconhecer que, algumas vezes, o cliente tem razão. Em outras, porém, os pitacos podem parecer pura implicância ou um desejo irresistível de dar o toquezinho dele no texto. Quando esses palpites não agregam nada e até prejudicam a peça, é preciso tentar contê-los. Essa é uma tarefa do atendimento no momento da apresentação, mas também do redator ao embasar e defender sua criação.
O cliente precisa confiar nos criativos que trabalham para a sua conta. E confiança se conquista com embasamento técnico, quando a gente mostra que sabe o que está fazendo. O perfil do criativo pirado, viajandão, que defende qualquer idéia com expressões como "é uma grande sacada, você não tá vendo?", está em extinção. É preciso compreender o negócio do cliente, ter noções de marketing e, principalmente, entender tudo da matéria-prima das suas criações: a língua.
Bons redatores sabem que se aprende a escrever lendo. Lendo de tudo, de bula de remédio a tratados filosóficos. É nas leituras que nada têm a ver com publicidade que aparecem as técnicas que utilizamos no texto publicitário. A sacadinha genial que você colocou no anúncio provavelmente tem nome, sobrenome e história de família – na literatura, na poética, na semiótica. Conhecer essa "genealogia" das técnicas de redação publicitária faz toda a diferença na hora de elaborar – e defender – um texto.
A defesa criativa com embasamento é sólida e tem muito mais credibilidade. Prova que você sabe do que está falando, que não se trata apenas de uma piração de criativo. Por exemplo: quando se defende um título explicando que foi usada uma metonímia e que essa figura de retórica é ideal naquele caso, porque mostra da melhor maneira o todo através de uma de suas partes (e um anúncio normalmente não tem espaço para apresentar o todo, só partes), entende-se que o criativo tem o conhecimento e a técnica necessários para realizar seu trabalho.
Mas a gente sabe que, na prática, a teoria é outra. Em alguns casos, mesmo que você tenha o mais sólido dos argumentos, seu texto vai ser impiedosamente detonado. Nesta situação, relaxe e faça como os budistas: exercite o desapego.[Webinsider]

"And the Esso goes to..."

Nada como um Esso após o outro. Na última terça-feira, dia 13 de dezembro, estive no 50º Prêmio Esso de Jornalismo, no Hotel Sofitel, em Copacabana, Zona Sul do Rio. Em princípio, decidi não escrever nada a respeito, mas dada a importância do cinquentenário da premiação, resolvi comentar essa que foi a minha primeira experiência em cerimônias oficiais da imprensa brasileira neste ano que passou. Mais do que estar entre os grandes do jornalismo e do telejornalismo nacional, foi tentar compreender a importância desta premiação aos indicados da noite.
Dois pontos a serem destacados: a reprodução da última transmissão, "ao vivo", do 'Repórter Esso' no rádio, no longinquo 31/12/68 e a vaia ao ex-deputado Roberto Jefferson, ao ser citado no discurso de agradecimento do Prêmio Esso de Jornalismo 2005, a jornalista Renata Lo Prete, com seu trabalho "Denúncia do mensalão", publicado no jornal Folha de S. Paulo.
Tirando o serviço do buffet que não estava lá muito "antenado", o salão de convenções estava lotado e pude perceber que, salvo uma que outra surpresa (como o Prêmio de Fotografia - o vencedor foi Evandro Monteiro, com o trabalho "Guerra no Centro", publicado no jornal Diário do Comércio (SP) - desbancando o trabalho do olhar fulminante do José Dirceu contra o Roberto Jefferson), todos os agraciados da noite foram muito bem aplaudidos e avalizados.
O grande contemplado foi o jornalista Fábio Gusmão, que além de ter arrebatado o Prêmio de Reportagem, com seu trabalho "Janela Indiscreta", publicado no jornal Extra, ainda foi sorteado com umas das passagens aéreas internacionais, oferecidas aos jornalistas convidados ao Esso.
De mais a mais , nesse 2005 que passou, muito se foi feito, apurado e denunciado, com escândalos, chacinas, desvios e denúncias. E nada como estar presente ao evento que, há 50 anos, vem sendo ponto de referência aos profissionais que buscam excelência e imparcialidade nas coberturas jornalísticas.
A oportunidade foi ímpar para conhecer melhor os bastidores da notícia, o tipo de trabalho valorizado pelo júri especializado e estreitar os laços de convivência com a nata do jornalismo.
Ah, já ia me esquecendo: congratulações ao Celso Freitas também, que além de ter apresentado o Prêmio Esso com elegência e categoria, posou para as fotos na entrega do Prêmio Especial de Telejornalismo, juntamente com a equipe do programa Domingo Espetacular (do qual ele também é apresentador), veiculado pela Rede Record, com o trabalho "Imbroglione - o cidadão fantasma".
Por João Paulo Anzanello

Espírito Natalino

Por João Paulo Anzanello
Senão vejamos: altos e baixos na carreira, títulos e períodos de ostracismo, glórias e fracassos... Motivador ou estrategista?
Desde a chegada de Joel Natalino Santana ao comando do (até então) desesperado Flamengo, muitas dúvidas pairaram sobre a Gávea.
Passadas as nove últimas rodadas, o antes inevitável descenso já é coisa do passado - passado este espero ser de uma longínqua lembrança. E passado esse, que vem de encontro ao ofuscado brilho que o Joel teve neste mesmo ano (no rebaixado time do senador cassado) e nas últimas passagens por Vasco e Inter-RS em 2004. E que de tão apagado brilho foram estas passagens, que nenhum torcedor rubro-negro de sã consciência, poderia prever tão bom aproveitamento conseguido nesses últimos jogos - foram 6 vitórias e 3 empates, em uma campanha invicta do Joel no Fla.
Deixar o Brasiliense em 22º e último lugar, para assumir o desesperançoso e turbulento Flamengo, vindo de uma retumbante goleada de 6 x 1 para o São Paulo, na Ilha, e com seus quase 75% de chances matemáticas de rebaixamento, já foi tarefa, no mínimo, muito corajosa.
Conseguir livrar o time de maior torcida do país, da maior mancha em sua grande história, da forma contundente e "milagrosa" como foi, às vésperas do Natal, só mesmo com muito espírito natalino...
Motivador ou estrategista? Técnico competente ou de muita confiança e sorte? Merece a tal prometida estátua de "salvador da pátria" rubro-negra ou não?
Não sei, mas que o meu Natal este ano será muito mais tranquilo, lá isso vai! Graças ao bom Natalino.
MAR PORTUGUEZ

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão resaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abysmo deu,
Mas nelle é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa (extraído do livro Mensagem - 3a. ed. de 1945): MAR PORTUGUEZ
Uma observação atenta do mundo
Artigo - Roberto Guarnieri
Gazeta Mercantil
29/11/2005
O papel de uma agência hoje é levar a propaganda para o cotidiano e vice-versa.
A propaganda assumiu o papel de principal descobridora de novos movimentos culturais e tendências de comportamento e, mesmo, de formadora de novas tendências e movimentos. Isso porque as principais agências e marcas do mundo se tornaram conscientes da importância de se estar antenado em tempo real, diuturnamente, com o que vai nas mentes e nos corações das mais diversas gerações dos mais diversos povos do planeta. A essa disciplina de observar atentamente para onde caminha a humanidade deu-se o nome de consumer insights, algo como intuições, revelações sobre o consumidor.
Nestes dias acelerados, em que a comunicação tornou-se digital e o consumidor é a própria mídia, assumindo seu papel de difusor, o consumer insights passou a ser um fator determinante no sucesso de campanhas de propaganda on-line e off-line em todo o mundo.
As tendências ocorrem na velocidade da internet e ao som de iPods e não podem mais ser ignoradas por nenhuma marca que queira se estabelecer ou mercado que se queira conquistar. E essas tendências, igualmente, não podem ser analisadas só de uma perspectiva regional ou só de uma perspectiva global, mas consideradas como resultado da integração desses dois pontos de vista.
A comunicação pertinente e eficaz de grandes marcas deve ser feita hoje a partir de informações colhidas por uma rede de informantes, de verdadeiros caçadores de tendências e de novidades nos principais centros de cultura e consumo do mundo. O objetivo é criar um verdadeiro banco de dados do futuro que já projeta sua sombra sobre o presente. Esses profissionais vão reunir informações aprofundadas sobre comportamento, cultura, intervenções urbanas, entre outras, para que uma marca possa evoluir e ser também promotora de novos comportamentos e debates.
O papel de uma agência hoje é levar a propaganda para o cotidiano e o cotidiano para a propaganda. Entender e não apenas monitorar os hábitos do consumidor é a base do sucesso das melhores ações que têm sido desenvolvidas. E à propaganda hoje cabe também um papel quem sabe maior, fundamental, de responsabilidade social: o de compromisso com uma "viralização" do bem, da dignidade, da solidariedade em escala também mundial.
Com as novas tecnologias digitais, as campanhas de marketing viral podem alcançar hoje todo o planeta, incentivando a criação de um mundo melhor, de um mundo solidariamente globalizado. Grandes marcas comprometidas com um mundo melhor são aquelas que vão ganhar os corações de todos. O público de todo o mundo parece-me ávido por campanhas e debates que mobilizem questões ecológicas, de consumo consciente, de preservação de todos os seres, sobretudo o ser humano, e de muitas outras questões e debates de que ainda nem desconfiamos. Mas que poderemos descobrir. O consumer insights é uma nova e poderosa ferramenta de entendimento do mundo.
Roberto Guarnieri - Presidente e diretor de criação da A1.Brasil, é um dos "fundadores" da publicidade digital no país e especialista no desenvolvimento de projetos interativos.

Navegar é Preciso

"Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça."
Fernando Pessoa
[Nota de SF: "Navigare necesse; vivere non est necesse" - latim, frase de Pompeu, general romano, 106-48 aC., dita aos marinheiros, amedrontados, que recusavam viajar durante a guerra, cf. Plutarco, in Vida de Pompeu]

Futurama

Por João Paulo Anzanello
Na visão do autor, Matt Groening, o futuro não será uma catástrofe, como muitos apocalípticos chegaram a imaginar. Na verdade, o futuro será uma grande comédia. O criador do sucesso Os Simpsons é também responsável pela criação de Futurama, um desenho animado sobre ficção científica que é sucesso no mundo. Criada em 1999, a série leva o mesmo estilo de Os Simpsons e é, sem dúvida, a mais brilhante retratação do futuro por um desenho animado. Sai de cena o humor que critica a rosada família do american way of life, entra a ficção científica, semelhante à do filme Matrix.
Futurama pinta o futuro do mundo com tintas cheias de ironia. A história gira em torno do herói Fry, um entregador de pizza frustrado com sua vida besta na Nova York dos dias de hoje. Por obra do acaso, ele fica congelado mil anos e passa a conhecer um novo mundo, onde todos têm de cumprir um papel na sociedade, pré-definido por um chip que é instalado no corpo. Fry tenta mostrar que qualquer um pode alterar seu destino. Tudo com muito humor. Entre seus companheiros está Leela, uma alienígena linda, de um só olho, que enfrenta muita gente durona (apesar de seus problemas de percepção em 3 dimensões); Bender, um robô com muitos defeitos humanos: bebe, fuma, pratica pequenos roubos e possui uma fraqueza por pornografia robótica e o Professor Farnsworth, um cientista excêntrico cujas idéias o caracterizam como sendo algo entre gênio e doido varrido.
A sociedade do século XXXI continua a ter os mesmos problemas, como tráfico, computadores, família, amor e etc. Algumas coisas mudaram: o metrô foi substituído por tubos de transporte e a cidade está toda coberta por uma cúpula metálica construída por extraterrestres que invadiram o planeta há centenas de anos atrás. Para solucionar o problema do stress, a população conta com o apoio do governo, que mantém cabines de suicídio em cada esquina (e que custam aos cofres públicos, menos que uma cabine telefônica habitualmente depredada por vândalos). Fry quer aproveitar essa chance para recomeçar sua vida, mas recebe um banho de água fria quando um teste do governo revela que o seu lugar na sociedade é de entregador. Ele trabalha agora para a Planet Express, um serviço de entregas intergaláctico que transporta pacotes para todos os quadrantes do universo. Antes que o chip de carreira seja implantado em sua mão, ele consegue escapar e conhece os personagens que a partir daí lhe acompanharão em suas aventuras.
Futurama satiriza os filmes e séries de ficção científica. A porta do futuro, por exemplo, é automática, mas deixa as pessoas emperradas. Uma sacada muito divertida é o quesito transporte; basta falar aonde se quer ir e o passageiro viaja como numa montanha russa, por dentro de longos tubos. E, lógico, pode tropeçar na chegada. Às vésperas do ano 3000, as pessoas ainda são malandras, egoístas e desengonçadas.
Em uma entrevista dada à revista SCI – FI News, em 1999, Matt Groening fala sobre a sua visão do futuro: “Na medida em que fui crescendo (...), percebi que esse ano 2000 que eu e milhões de pessoas imaginavam não iria chegar. Logo, voltei minhas preocupações para o ano 3000, onde Futurama realmente acontece”. Para o criador do desenho animado, se tentássemos pensar sobre o que é o futuro, perceberíamos se tratar de um paradoxo, pois o futuro é exatamente agora. Ou seja, nada aconteceu após a virada do milênio. As idéias do futuro que lemos em livros e vimos em filmes entre as décadas de 40 e 60 são muito divertidas e simpáticas. As versões dos anos 70 e 80 são assustadoras e sombrias, com um futuro muito apocalíptico. O autor explica que em Futurama, a tentativa também foi a de visualizar o futuro, como em Os Jetsons, mas com muitos canos furado...

Curiosidades:
1. Depois de produzir Os Simpsons, Matt Groening esperou doze anos para produzir Futurama.
2. As animações da série são feitas em um estúdio na Coréia do Sul.
3. Cada episódio de Futurama demora quase seis meses para ficar pronto.

Minha paixão

Por João Paulo Anzanello - Este é o meu grupo de samba e meu xodó. Tocando há mais de 5 anos no cenário do samba carioca, o grupo Quase Lá consegue aliar as mais antigas composições do samba, sucessos atuais e algumas composições próprias. De Cartola e Geraldo Pereira, passando por Gonzaguinha, Paulinho da Viola e Noel Rosa, até chegar a Zeca Pagodinho, Fundo de Quintal e Jorge Aragão, o grupo se notoriza por levadas swingadas, percussão marcante e cordas afiadas, com arranjos alegres e de qualidade.
Com apresentações em diversos pontos da Zona Sul e algumas outras casas (como o Cortiço no Largo do Machado, o Espaço Marun no Catete, o Sobrado Rio e o Ponto Gê do Samba na Lapa), o Quase Lá vinha comandando, há mais de um ano, as rodas de samba no Skina, em Laranjeiras, com sucesso e casa lotada em todos os domingos. Atualmente, o grupo se apresenta no quiosque Drink Café, no Parque dos Patins, na Lagoa, também aos domingos, a partir das 19:30 horas.
Dando continuidade ao samba raiz e conquistando cada vez mais apreciadores, quem curte Chico Buarque, Adoniran Barbosa, Caymmi e outros grandes compositores do samba, certamente vai gostar de ver e ouvir esse grupo, pertencente à nova geração do samba. Levando sempre os melhores clássicos da velha guarda, alternando mestres consagrados e ilustres compositores, as apresentações do Quase Lá são sempre garantia de alto astral, samba de qualidade e autenticidade. Para falar com o Quase Lá, mande um e-mail para mim, ou ligue para 8169-3499, falar comigo mesmo.

Éden criativo

Por João Paulo Anzanello - Quem não vive, já morreu e não sabe! Quem não escreve, quer que o dia se acabe...
Deixemos para a posteridade nossos desejos, anseios, desafios e sonhos. Vamos construir a desconstrução do lugar comum, sejamos autênticos, sensatos, criativos e amigos.
Saibamos dar um passo atrás para darmos dois adiante; saibamos ainda apreciar o belo e compreender a importância do feio.
Assim é, se assim lhe parece.
Quem guarda, tem; quem não guarda...
Deus abençõe a Língua Portuguesa. Amém.
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