Elevador do Pinocchio - Gabriel C R Barbosa

Não há nada mais prazeroso do que ser acariciado pela serventia cega e absolutamente manipulável de um elevador. Novo. Porque os antigos mentem para nós, a luz acende no andar e as vezes ele não está lá. Aliás, quem disse que elevador é ele? Palavra masculina não quer dizer gênero feminino. Ou sim? Feminismo é uma palavra masculina. Toda feminista é um macho? Não se sabe. Mas esse não é o caso, vai ficar sendo elevador ele pra não ter que ficar colocando ele (a) elevador o tempo todo. Aliás, é bom também, além de não escrever além o tempo todo, além de aliás, passar a abolir acentos que demandam tempo de digitacao (viu, sem acento!).

Entaum agora que estamos combinados com relacao aas regras do artigo, que naum eh definido nem indefinido, porque como dito acima, esta discussao aa cerca do genero das palavras eh cansativa e naum leva a lugar nenhum, podemos continuar o que ainda nem comecou. Alem do que, aliahs, pelo visto naum vamos a lugar nenhum mesmo. Onde eu tava mesmo? Ah, pois é (droga, acentuei), em lugar nenhum. O elevador antigo! Ele naum estah lah aas vezes. Vejam vcs: quantos casos existem de pessoas que caíram no posso ( ou nao posso?) com os elevadores modernosos e que indicam com setas digitais e falam em que andar vc estah com uma voz que sem duvida eh de um projeto proposital de unir a rose dos jetsons com aquela mulher do galeao, que naum é mais galeao, eh antonio carlos jobim, parceiro do vinicius, grande poetinha, que eh conhecida no mundo todo ( aquela que fala os voos em portugues e depois em ingles, nao necessariamente nesta ordem de importancia e submissao, com uma voz sexy que talvez tenha alguma coisa aa ver com submissao, mas que nada tem a ver com elevadores, apesar da voz dela estar sendo usada nos elevadores modernos, mas que tambem nada tem a ver com as feministas ou com o genero destes mesmos elevadores, antigos ou novos ou modernos ou ele ou ela.)( aliahs, era para ser interrogacao, neh?). Quase ninguém! (volte aa pergunta acima para entender a resposta. Sim, aquilo foi uma pergunta). E naum e soh isso, os elevadores velhos inguicavam com frequencia mais do que absurda, como tudo que eh velho nessa sociedade de juventude e outros times mais importantes. A agonia de ficar preso ao lado de outro ser ou nao ser umano, consumindo o mesmo ar condicionado quente que vc. E o pior, tendo que aturar a cara de outra pessoa, que lastima! Nos elevadores modernos o tormento de Prometeu é menor. Muito menor. Aliás, além, de menor. Aquela serventia cega e absolutamente manipulável de que eu falava acima, umas ( peraí que eu vou contar... ... ... ah, naum precisa, o word tem uma paradinha embaixo que diz quantas linhas estamos escrevendo. Viva o moderno, mais uma vez!) 32 linhas acima, contando com essa que vai terminar ag ( terminou, pelo menos aqui, não sei se na página de diagramacao vai ficar igual), que dizia, pois é, advem do fato que apertar o botão do elevador já indica que ele virá. Sim, ele vem, ve e desce, ou sobe. Ele nao reclama, nao tem ascepticossorista, é um botão que manda o comando vem pra esse andar e ele vem e ponto. Ponto pra tecnologia, ponto pro conforto. Conforto, conforto, conforto! Quanto menas gente mais conforto! Claro que nao deu ainda pra eliminar gente dentro do elevador. Ainda temo que descer e subir com gente do nosso lado, aas vezes enche o elevador e fica aquele incomodo orrendo de ter alguem a menos de um palmo de vc. Cristo, é claustrofóbico! Mas não há alegria maior do que, quando naum ha ninguem por perto, cantar no elevador, fazer careta pro espelho, dancar. Que coisa mais desagradavel ter de para nos andares, porque nao podemos descer direto para onde queremos? Alias, eh igual ao onibus. Nao podia nao parar nos pontos? Nao podia estar sempre vazio, sem que ninguem ocupasse a cadeira do lado? Imagine um mundo de elevadores e onibus vazios, indo direto para onde queremos, sem que outros atrapalhassem nossos planos! Que mundo maravilhoso, particular, sublime. Mal espero o dia em que os elevadores velhos estarão todos mortos e enterrados, aqueles elevadores mecanicos, sem ar condicionado, com cheiro de mofo, cheiro de gente e sem o cheiro de metal e marmore polido dos elevadores novos. Aqueles elevadores velhos, encrenqueiros, lentos, com aquela luz ridicula indicando os andares como se fosse possível nesta vida acreditar em alguma coisa que fosse velha e ultrapassada. Que venha o novo, sempre! Um dia ainda acabaremos com as luzes falhas dos velhos elevadores, com sua mania de nos deixar presos nos andares, de ter de passar mais de minutos com outros. Um dia os onibus tambem serao so nossos, nos levarao para onde quisermos, e ficaremos com um orgulho absurdo quando eles passarem dos pontos ante o olhar desesperado dos que queriam entrar no NOSSO onibus! E nao mais com velada felicidade, comemoraremos cada sinal avancado, cada limite de velocidade extrapolado, cada segundo ganho.
Seremos os melhores dos umanos, sendo ou nao sendo, quando o dedo esticado for sinal de obediencia, tanto de elevadores quanto de onibus. Sem interferentes, apertaremos os botoes com consciencia de estarmos sendo obedecidos, o elevador vira com os rabos entre as penas, sabendo quem manda, sem que tenhamos de aturar os umores umanos de ascensoristas com suas idiossincrasias e decisoes volateis. Apertar significara VIR. Esticar o dedo significara PARAR. Nada sera mais feliz do que viver neste mundo de solidao obediente, so ouvindo a voz de aeroporto e da rose dos jetsons, submissa ante os EUA e o portugues, sem que eu saiba se eh feminista ou naum, e que, se deus ex-machina quiser, nem umana em demasia será! Sem a(c)ssentos.

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