"Tô pagano"

Lady Kate. Se não me engano, esse é o nome da personagem do Zorra Total que traz esse bordão. Tá bom, tá bom. Não vou nem dizer que alguém me contou... Eu vi no Zorra Total, admito. Pronto. Mas, voltando à Lady Kate, o que temos aí na figura tresloucada, caricata e exagerada dessa personagem nada mais é que um estereótipo de grande parte dos clientes das agências de publicidade.
Clientes que destroem conceitos, detonam layouts, maltratam idéias e pedem os maiores estapafúrdios grunhindo, ao primeiro espasmo de coragem na recusa da ordem, que "tão pagano!". É isso aí! O fato inquestionável de que são os donos da verba os faz donos da razão também. E ai daquele que resolva explicar que na agência existem profissionais capacitados para resolver os problemas de comunicação com eficiência, desde que tenham seu talento e sua competência respeitados por esse mesmo cliente.
Cliente que deveria estar ciente de que está "pagano" justamente por esse talento e por essa competência. Mas você acha que a zorra total acaba por aí? Não. Como em todo quadro desses programas, o bordão precisa ser repetido exaustivamente para que todo mundo decore. Ou seja, o quadro de humor (humor??) segue com o atendimento assustado adentrando a sala da criação e, aos primeiros rosnados do pessoal, sacando da cartola a resposta para todas as questões do mundo: "mas gente, o cliente tá pagano". Tá, tá sim. Mandou trocar a foto daquela modelo linda por uma da sobrinha que é toda fora de esquadro?
Vamos nessa... ele tá "pagano". Decidiu que ao invés de seguir o plano de mídia proposto, é melhor veicular no jornal do condomínio dele? Não vamos discutir... ele tá "pagano". Exigiu que troquem a gramatura do papel por alguma coisa mais fininha e baratinha? Sem problema... ele tá "pagano". E a gente segue "pagano" por sermos tão subservientes e "penano" em meio a tanta incompetência.

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